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JOSÉ NOBRE – Um Arauto do Rei, Gonzagão na Serra da Borborema
Coluna do Cordel
Publicado em 18/10/2020

Autor: IVALDO BATISTA VISITE A COLUNA DO CORDEL

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Peço sua atenção caro leitor

Pra os versos que aqui eu descrevo

Sobre um grande amigo eu me atrevo

A falar, pois eu sei do seu valor

Professor e colecionador

Ele é fã do maior dos sanfoneiros

Mora no chão dos famosos arrieiros 

Da canção “Tropeiros da Borborema.”

Pra você que não descobriu o tema

Falo de José Nobre de Medeiros.

 

Em Outubro, mês que nasceu Campina 

Grande terra dos famosos tropeiros

De imortais poetas violeiros

Temos festa pra o homem da “Mina”

Seu exemplo de vida me ensina

Sua luta inspira os guerreiros

Nessa trilha de Jacksons e pandeiros 

Seu Zé Nobre, defensor do forró.

Filho da “Princesa do Seridó”

É modelo pra tantos brasileiros.

 

José Nobre, cidadão potiguar

Nascido no ano quarenta e três (1943)

Dia vinte, outubro foi o mês 

No registro se pode comprovar

Pra você que deseja pesquisar

A respeito de sua identidade

Currais Novos é a sua cidade

Rio Grande do Norte é o Estado.

Um nordestino assim determinado

Mostra a fibra de um homem de verdade.

 

Currais Novos, cidade tão bonita

Seu Zé Nobre, ali sem “pé de meia”

Nasceu no “Sítio Saco de Areia”

Viveu e cresceu na graça bendita

É assim quando o homem acredita

E na vida coloca um ideal

Zé Nobre vale mais que o mineral

Explorado na terra da Xilita 

O seu chão é Capital da Scheelita

Seu Zé Nobre é um homem triunfal. 

 

Os pais de Zé Nobre foram ordeiros 

Dona Zenira Zilda é exemplar

Essa mãe não cansou de batalhar

O pai: Cícero Nobre de Medeiros

Pai e mãe verdadeiros timoneiros

Deram aos seis filhos boa formação

Tem Maria de Fátima educação

Josemilton e Maria Marlete

Joacy e Zé Nobre que é manchete

Zé Wilson, já deixou esse chão.

 

Zé fugiu da lida paroquiana

Escolheu ser feliz no matrimônio

José Nobre, um sujeito idôneo 

Casou com Stela, bela baiana

Mereceram a graça soberana

Foram cinco filhos desta união

Herbert foi o primeiro varão

Hélcio e Hemerson a fila não pára

Teve Leyde Silvana e Kátia Nara 

As mulheres completam a relação.

 

Quando garoto, foi muito esforçado

Em Florânia, no campo trabalhou

Em Cuité, em um sítio batalhou

Ajudando ao pai um bom bocado

Muitas vezes sem vê nenhum trocado

Mas a graça divina o alcançou

O soberano lhe observou

Premiou esse filho aguerrido.

Tudo que tem hoje é merecido

Pois a bênção de Deus o contemplou. 

 

Recordando o passado, ele lembrou

Já trabalhou em loja de tecido

Com o trabalho sempre envolvido

Na construção de açude atuou

Vendeu todas as pipocas que comprou

Já montou empresa pra fabricar

Currais Novos pode testemunhar

Sua luta atrás de um ideal

Das pipocas, perguntem em Natal

Que Lagoa Seca vai te contar.

 

Com a máquina que conseguiu comprar

Em Currais Novos ele fabricava

Sua mãe, Dona Zenira ajudava

A empresa com ele prosperou

Por muito tempo administrou 

Mas depois ele teve que partir

Pra Recife ele teve que ir

E na Capital do Frevo estudou

Sua mãe ficou e continuou

Com os irmãos puderam prosseguir.

 

Zé fez Primário no Grupo Escolar

Estudou no Capitão Mor Galvão

Passou e teve sua aprovação

O Ginásio ele foi estudar

Na “Nossa Senhora” pode cursar

Nessa escola fez o Ginasial

Depois foi estudar lá em Natal

Conheceu outros ares e outros povos

O menino vindo de Currais Novos

Correndo atrás do seu ideal. 

 

Em Natal estudou somente um ano

Iniciou o seu segundo grau

Sessenta e quatro o Brasil tá pau

De Natal ele segue outro plano

Veio pra o solo pernambucano

Em sessenta e cinco e sessenta e seis 

Concluiu o segundo grau de vez

No Colégio Soares em Recife

Terminou e mostrou que tem cacife

Você nota por tudo que ele fez.

 

De Recife Zé Nobre foi ao Rio

De Janeiro cumprir preparação

Foi estudar especialização

Era Geologia o desafio

Seu currículo aqui eu abrevio

Em voltando as terras paraibanas

Fez estudos das Relações humanas

Em Campina Grande, Colégio Damas

Viu a Psicologia em seus programas 

Até as escolas americanas. 

 

Voltou a estudar no Seridó 

Aperfeiçoando as disciplinas

Cursou os escoramentos de minas

Sabe desenrolar qualquer um nó 

Garantiu-se e resolve qualquer pó

Foi útil tudo que foi aprendido

No que faz ele é tão comprometido

Tudo que aprendeu tem ensinado

Pelos seus alunos é considerado

Tão querido se sente envaidecido.

 

Monsenhor Herôncio que me perdoe

Não quero aqui fazer fofoquinha

Soube que Zé Nobre foi coroinha

Ele me confirmou, disse que foi

Um fiel relatando disse apôi

Zé Nobre teve tudo para ser

Podia ser padre e até crescer

Inclusive estudou Teologia.

Mas depois deu nele uma agonia

Pensou muito e preferiu correr.

 

Em setenta e nove morreu seu pai

Zé Nobre tinha trinta e seis anos

Já encaminhado, segue seus planos

Ele fica abalado, mas não cai 

Prosseguindo o seu caminho vai

Dez anos depois por ordem suprema

Morre Gonzagão, mas não tem dilema

Afinal pra quem vive, a morte é lei

José Nobre é ARAUTO DO REI

Gonzagão na Serra da Borborema.

 

Desde onze anos viu Gonzagão

Em Currais Novos, Praça Cristo Rei

Ele já declarou por isso sei

Que nada entendia de baião

Ele foi à praça ver o anão

Ali mesmo Gonzaga ganha um fã

Ninguém prevê o dia do amanhã

Todos sabem que a relação cresceu

Esse amor transformou-se num museu

Qual promessa que vem da fé cristã.

 

O pai de seu Zé Nobre foi vaqueiro

Esse filho mil vezes ajudante

Zé Nobre disse: Fui comandante!

Pode-se dizer que foi um tropeiro

Mas a tropa jamais andou ligeiro

Se você ouvi-lo pensa que é sarro

Ele trabalhou, carregou o barro

Que transforma o sonho num açude

Mas no trato ele jamais foi rude

Hoje isso é feito só de carro.

 

Cada verso tem que ser entendido

Talvez precise ser interpretado

O poeta tem sempre arrudiado

Pra falar de um garoto envaidecido

Por ter direito e ser promovido

Muito jovem na vida dava murro

O menino feliz tangia o burro

Parecia alegre e realizado

Em tudo que ele fez foi dedicado

Animais ele tratou com sussurro.

 

Nobre é técnico em mineração

Na SUDENE Zé Nobre trabalhou

Também na CONESP já labutou

Empresa ligada a perfuração

Todo trabalho pra ele é lição  

É missão que encara com amor

Tem prazer dizendo foi professor

Contando experiência vivida

O ensino é marcante em sua vida

Doutras vidas foi orientador.

 

Lembro aqui nos versos toda alegria

Que o mestre Zé Nobre repassou

Os alunos que ele cativou

Na formação que deu no dia-a-dia

MINA escola lá de Santa Luzia

Foi um aprendizado pra valer

Pela experiência dá pra ver

O milagre da Santa é real

Qualificou cada profissional

Quem passou por lá poderá dizer.

 

Santa Luzia é na região

Um local de extração mineral

No Vale do Sabuji na real

Atividade de mineração

Meu amigo nasceu com vocação

O destino parece ter traçado

Com certeza foi ele encaminhado

Zé Nobre quase fez Teologia

Mas pendeu pra o lado da Geologia

E seus pés são firmados no Estado.

 

Na Universidade Federal

De Campina Grande foi professor

E da MINA Escola foi fundador

Foi um membro da equipe inicial

Ministrando curso profissional

Túnel é “sala de aula” diferente

Curso técnico superior pra gente

Que estudava a mineração

No Brasil única escola então

E na época muito eficiente.

 

Pelos amigos é tão respeitado

Muitos admiram o que ele faz

Diz assim feliz Seu Ivan Ferraz

José Nobre é um abnegado

Xico Nóbrega tem sempre opinado

Destacando o seu pioneirismo

Seu trabalho, esforço e dinamismo

Pra expor a memória do baião. 

Manter o legado de Gonzagão

Nas mãos de Zé Nobre não é sofismo.

 

Seu Zé Nobre foi homenageado

No troféu Gonzagão por Ajalmar

Esse Oscar só veio comprovar

E mostrar que ele é prestigiado.

O desenho na capa tem mostrado

Retratado a sua identidade 

A grandiosidade é da cidade

Ou quem sabe é desse amigo meu.

José Nobre é “O HOMEM DO MUSEU”

E Gonzaga a maior celebridade.

 

O museu que José Nobre criou

É a maior expressão do carinho

Nesse espaço vi tudo arrumadinho

Quem foi lá é certeza que gostou

Eu relacionei quem por lá passou

Paulo Vanderley e Itan Pereira

Vicemário e também Irah Caldeira

Camarão e nosso Chico Pedrosa

Onildo Almeida e Nilson Feitosa

Leda Dias e o Tom Oliveira.

 

O Reitor da UEPB, Rangel

Padre Fábio e Targino Gondim

O Waldonys e Luiz Amorim

Seu Marcelo Leal “O Coronel”

Zé Calixto e José Manoel 

Cordelista Ivaldo de Carpina

Além do grande Biliu de Campina

José Nêumane Pinto e Luisinho.

O grande Dominguinhos e Osvaldinho

O museu nos fascina e ensina. 

 

Xico Nóbrega, fã e testemunha

Tá disposto a provar pra São Tomé

Que por lá passou o Flávio José 

“Rei do Xote” sua melhor alcunha.

Já veio o Senador Ronaldo Cunha

Garibaldi Alves, Governador

Também Ney Suassuna, Senador

Chico Cezar, mandante lá em riba

Quando Secretário na Paraíba

Cássio Cunha Lima, quando gestor.

 

José Francisco, grande jornalista

Maciel Melo, do qual sou tiete

A cantora Maria Lafaete

Unidos da Tijuca, vi na lista

Joquinha Gonzaga, sobrinho artista

Antônio Costa, Messias de Holanda

Forró Verso e Viola é propaganda

O museu recebeu Ivan Ferraz

José Batista Alves e outros mais

O museu pra escola é demanda.

 

Já veio gente de todo Brasil

Os BRASIPS lá de Nova Floresta

Rômulo Gouveia veio pra festa

Carlos Henrique e outros tantos mil

Veio até o biógrafo de Rozil

Rômulo Nóbrega veio visitar 

Tantos outros vieram pesquisar

Vida e obra do nosso Gonzagão.

Até o Benedito do Rojão

Tanto nome não tem como listar.

 

Zé Nobre é um arauto e fã

Que promove a cultura do baião

Preservando o nome de Gonzagão

Para ser lembrado sempre amanhã.

É Campina Grande a guardiã 

Tantas escolas foram conferir

A cultura precisa refletir

Assumir seu valor nessa história.

Pra eternizarmos essa memória

Kydelmir Dantas vai contribuir.

 

Logo depois que Gonzagão morreu

Mereceu essa cadeira cativa

Seu Zé Nobre teve iniciativa

Imagine o quanto ele correu

Em Noventa e dois criou o museu

Pra Gonzaga não ficar esquecido

O campinense tá agradecido

Por esse seu empreendedorismo. 

Palmas pra esse seu pioneirismo

O Nordeste se sente envaidecido.

 

Campina Grande já reconheceu

O valor desse norte rio grandense

Ele virou cidadão campinense 

Esse título ele já recebeu

O legislativo lhe concedeu

Aprovaram assim uma proposta

Do então vereador Assis Costa

O Estado também não titubeia

A proposta de Rômulo Gouveia

Assembléia deu sim como resposta.

 

O museu está no bairro do Cruzeiro

Zé Nobre, fundador e diretor

Ele tem mantido com seu labor

Tudo ali foi feito com seu dinheiro.

Dedicou-se ao projeto por inteiro

Até na Rádio como locutor 

É produtor e apresentador

Seu programa é o Canto do Rei.

Como todo gonzagueano eu sei

José Nobre faz tudo por amor.

 

Percebi estampado na entrevista

No ano que a Marinês morreu

Em dois mil e sete aconteceu

No Paraíba Online, ao jornalista

Foi publicado pelo colunista

Como foi sua identificação

Com Luiz Gonzaga, o Gonzagão

Ele explicou como ocorreu

Falou da construção do seu museu

Revelou sua admiração.

 

Em dois mil e onze em parceria

Com o Doutor Francisco Antônio Costa

José Nobre em outra área aposta

Na ocasião apresentaria

A vida e toda discografia

Falando do nosso Rei do Baião

Vem no título uma indagação

Na premissa, afirmação total.

Disse: Por que o Rei é imortal 

Revelando a sua devoção.

 

Sou amigo do homenageado

Já o encontrei em Caruaru

Depois Campina Grande e Exu

Eu me sinto muito lisonjeado.

Esse folheto aqui foi criado

Pra fazer o cordel tem os critérios

José Nobre é desses homens sérios

Que o Brasil precisa valorizar.

Seu valor não se pode calcular

Comparar ou trocar pelos minérios. 

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