Autor: IVALDO BATISTA VISITE A COLUNA DO CORDEL
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Peço sua atenção caro leitor
Pra os versos que aqui eu descrevo
Sobre um grande amigo eu me atrevo
A falar, pois eu sei do seu valor
Professor e colecionador
Ele é fã do maior dos sanfoneiros
Mora no chão dos famosos arrieiros
Da canção “Tropeiros da Borborema.”
Pra você que não descobriu o tema
Falo de José Nobre de Medeiros.
Em Outubro, mês que nasceu Campina
Grande terra dos famosos tropeiros
De imortais poetas violeiros
Temos festa pra o homem da “Mina”
Seu exemplo de vida me ensina
Sua luta inspira os guerreiros
Nessa trilha de Jacksons e pandeiros
Seu Zé Nobre, defensor do forró.
Filho da “Princesa do Seridó”
É modelo pra tantos brasileiros.
José Nobre, cidadão potiguar
Nascido no ano quarenta e três (1943)
Dia vinte, outubro foi o mês
No registro se pode comprovar
Pra você que deseja pesquisar
A respeito de sua identidade
Currais Novos é a sua cidade
Rio Grande do Norte é o Estado.
Um nordestino assim determinado
Mostra a fibra de um homem de verdade.
Currais Novos, cidade tão bonita
Seu Zé Nobre, ali sem “pé de meia”
Nasceu no “Sítio Saco de Areia”
Viveu e cresceu na graça bendita
É assim quando o homem acredita
E na vida coloca um ideal
Zé Nobre vale mais que o mineral
Explorado na terra da Xilita
O seu chão é Capital da Scheelita
Seu Zé Nobre é um homem triunfal.
Os pais de Zé Nobre foram ordeiros
Dona Zenira Zilda é exemplar
Essa mãe não cansou de batalhar
O pai: Cícero Nobre de Medeiros
Pai e mãe verdadeiros timoneiros
Deram aos seis filhos boa formação
Tem Maria de Fátima educação
Josemilton e Maria Marlete
Joacy e Zé Nobre que é manchete
Zé Wilson, já deixou esse chão.
Zé fugiu da lida paroquiana
Escolheu ser feliz no matrimônio
José Nobre, um sujeito idôneo
Casou com Stela, bela baiana
Mereceram a graça soberana
Foram cinco filhos desta união
Herbert foi o primeiro varão
Hélcio e Hemerson a fila não pára
Teve Leyde Silvana e Kátia Nara
As mulheres completam a relação.
Quando garoto, foi muito esforçado
Em Florânia, no campo trabalhou
Em Cuité, em um sítio batalhou
Ajudando ao pai um bom bocado
Muitas vezes sem vê nenhum trocado
Mas a graça divina o alcançou
O soberano lhe observou
Premiou esse filho aguerrido.
Tudo que tem hoje é merecido
Pois a bênção de Deus o contemplou.
Recordando o passado, ele lembrou
Já trabalhou em loja de tecido
Com o trabalho sempre envolvido
Na construção de açude atuou
Vendeu todas as pipocas que comprou
Já montou empresa pra fabricar
Currais Novos pode testemunhar
Sua luta atrás de um ideal
Das pipocas, perguntem em Natal
Que Lagoa Seca vai te contar.
Com a máquina que conseguiu comprar
Em Currais Novos ele fabricava
Sua mãe, Dona Zenira ajudava
A empresa com ele prosperou
Por muito tempo administrou
Mas depois ele teve que partir
Pra Recife ele teve que ir
E na Capital do Frevo estudou
Sua mãe ficou e continuou
Com os irmãos puderam prosseguir.
Zé fez Primário no Grupo Escolar
Estudou no Capitão Mor Galvão
Passou e teve sua aprovação
O Ginásio ele foi estudar
Na “Nossa Senhora” pode cursar
Nessa escola fez o Ginasial
Depois foi estudar lá em Natal
Conheceu outros ares e outros povos
O menino vindo de Currais Novos
Correndo atrás do seu ideal.
Em Natal estudou somente um ano
Iniciou o seu segundo grau
Sessenta e quatro o Brasil tá pau
De Natal ele segue outro plano
Veio pra o solo pernambucano
Em sessenta e cinco e sessenta e seis
Concluiu o segundo grau de vez
No Colégio Soares em Recife
Terminou e mostrou que tem cacife
Você nota por tudo que ele fez.
De Recife Zé Nobre foi ao Rio
De Janeiro cumprir preparação
Foi estudar especialização
Era Geologia o desafio
Seu currículo aqui eu abrevio
Em voltando as terras paraibanas
Fez estudos das Relações humanas
Em Campina Grande, Colégio Damas
Viu a Psicologia em seus programas
Até as escolas americanas.
Voltou a estudar no Seridó
Aperfeiçoando as disciplinas
Cursou os escoramentos de minas
Sabe desenrolar qualquer um nó
Garantiu-se e resolve qualquer pó
Foi útil tudo que foi aprendido
No que faz ele é tão comprometido
Tudo que aprendeu tem ensinado
Pelos seus alunos é considerado
Tão querido se sente envaidecido.
Monsenhor Herôncio que me perdoe
Não quero aqui fazer fofoquinha
Soube que Zé Nobre foi coroinha
Ele me confirmou, disse que foi
Um fiel relatando disse apôi
Zé Nobre teve tudo para ser
Podia ser padre e até crescer
Inclusive estudou Teologia.
Mas depois deu nele uma agonia
Pensou muito e preferiu correr.
Em setenta e nove morreu seu pai
Zé Nobre tinha trinta e seis anos
Já encaminhado, segue seus planos
Ele fica abalado, mas não cai
Prosseguindo o seu caminho vai
Dez anos depois por ordem suprema
Morre Gonzagão, mas não tem dilema
Afinal pra quem vive, a morte é lei
José Nobre é ARAUTO DO REI
Gonzagão na Serra da Borborema.
Desde onze anos viu Gonzagão
Em Currais Novos, Praça Cristo Rei
Ele já declarou por isso sei
Que nada entendia de baião
Ele foi à praça ver o anão
Ali mesmo Gonzaga ganha um fã
Ninguém prevê o dia do amanhã
Todos sabem que a relação cresceu
Esse amor transformou-se num museu
Qual promessa que vem da fé cristã.
O pai de seu Zé Nobre foi vaqueiro
Esse filho mil vezes ajudante
Zé Nobre disse: Fui comandante!
Pode-se dizer que foi um tropeiro
Mas a tropa jamais andou ligeiro
Se você ouvi-lo pensa que é sarro
Ele trabalhou, carregou o barro
Que transforma o sonho num açude
Mas no trato ele jamais foi rude
Hoje isso é feito só de carro.
Cada verso tem que ser entendido
Talvez precise ser interpretado
O poeta tem sempre arrudiado
Pra falar de um garoto envaidecido
Por ter direito e ser promovido
Muito jovem na vida dava murro
O menino feliz tangia o burro
Parecia alegre e realizado
Em tudo que ele fez foi dedicado
Animais ele tratou com sussurro.
Nobre é técnico em mineração
Na SUDENE Zé Nobre trabalhou
Também na CONESP já labutou
Empresa ligada a perfuração
Todo trabalho pra ele é lição
É missão que encara com amor
Tem prazer dizendo foi professor
Contando experiência vivida
O ensino é marcante em sua vida
Doutras vidas foi orientador.
Lembro aqui nos versos toda alegria
Que o mestre Zé Nobre repassou
Os alunos que ele cativou
Na formação que deu no dia-a-dia
MINA escola lá de Santa Luzia
Foi um aprendizado pra valer
Pela experiência dá pra ver
O milagre da Santa é real
Qualificou cada profissional
Quem passou por lá poderá dizer.
Santa Luzia é na região
Um local de extração mineral
No Vale do Sabuji na real
Atividade de mineração
Meu amigo nasceu com vocação
O destino parece ter traçado
Com certeza foi ele encaminhado
Zé Nobre quase fez Teologia
Mas pendeu pra o lado da Geologia
E seus pés são firmados no Estado.
Na Universidade Federal
De Campina Grande foi professor
E da MINA Escola foi fundador
Foi um membro da equipe inicial
Ministrando curso profissional
Túnel é “sala de aula” diferente
Curso técnico superior pra gente
Que estudava a mineração
No Brasil única escola então
E na época muito eficiente.
Pelos amigos é tão respeitado
Muitos admiram o que ele faz
Diz assim feliz Seu Ivan Ferraz
José Nobre é um abnegado
Xico Nóbrega tem sempre opinado
Destacando o seu pioneirismo
Seu trabalho, esforço e dinamismo
Pra expor a memória do baião.
Manter o legado de Gonzagão
Nas mãos de Zé Nobre não é sofismo.
Seu Zé Nobre foi homenageado
No troféu Gonzagão por Ajalmar
Esse Oscar só veio comprovar
E mostrar que ele é prestigiado.
O desenho na capa tem mostrado
Retratado a sua identidade
A grandiosidade é da cidade
Ou quem sabe é desse amigo meu.
José Nobre é “O HOMEM DO MUSEU”
E Gonzaga a maior celebridade.
O museu que José Nobre criou
É a maior expressão do carinho
Nesse espaço vi tudo arrumadinho
Quem foi lá é certeza que gostou
Eu relacionei quem por lá passou
Paulo Vanderley e Itan Pereira
Vicemário e também Irah Caldeira
Camarão e nosso Chico Pedrosa
Onildo Almeida e Nilson Feitosa
Leda Dias e o Tom Oliveira.
O Reitor da UEPB, Rangel
Padre Fábio e Targino Gondim
O Waldonys e Luiz Amorim
Seu Marcelo Leal “O Coronel”
Zé Calixto e José Manoel
Cordelista Ivaldo de Carpina
Além do grande Biliu de Campina
José Nêumane Pinto e Luisinho.
O grande Dominguinhos e Osvaldinho
O museu nos fascina e ensina.
Xico Nóbrega, fã e testemunha
Tá disposto a provar pra São Tomé
Que por lá passou o Flávio José
“Rei do Xote” sua melhor alcunha.
Já veio o Senador Ronaldo Cunha
Garibaldi Alves, Governador
Também Ney Suassuna, Senador
Chico Cezar, mandante lá em riba
Quando Secretário na Paraíba
Cássio Cunha Lima, quando gestor.
José Francisco, grande jornalista
Maciel Melo, do qual sou tiete
A cantora Maria Lafaete
Unidos da Tijuca, vi na lista
Joquinha Gonzaga, sobrinho artista
Antônio Costa, Messias de Holanda
Forró Verso e Viola é propaganda
O museu recebeu Ivan Ferraz
José Batista Alves e outros mais
O museu pra escola é demanda.
Já veio gente de todo Brasil
Os BRASIPS lá de Nova Floresta
Rômulo Gouveia veio pra festa
Carlos Henrique e outros tantos mil
Veio até o biógrafo de Rozil
Rômulo Nóbrega veio visitar
Tantos outros vieram pesquisar
Vida e obra do nosso Gonzagão.
Até o Benedito do Rojão
Tanto nome não tem como listar.
Zé Nobre é um arauto e fã
Que promove a cultura do baião
Preservando o nome de Gonzagão
Para ser lembrado sempre amanhã.
É Campina Grande a guardiã
Tantas escolas foram conferir
A cultura precisa refletir
Assumir seu valor nessa história.
Pra eternizarmos essa memória
Kydelmir Dantas vai contribuir.
Logo depois que Gonzagão morreu
Mereceu essa cadeira cativa
Seu Zé Nobre teve iniciativa
Imagine o quanto ele correu
Em Noventa e dois criou o museu
Pra Gonzaga não ficar esquecido
O campinense tá agradecido
Por esse seu empreendedorismo.
Palmas pra esse seu pioneirismo
O Nordeste se sente envaidecido.
Campina Grande já reconheceu
O valor desse norte rio grandense
Ele virou cidadão campinense
Esse título ele já recebeu
O legislativo lhe concedeu
Aprovaram assim uma proposta
Do então vereador Assis Costa
O Estado também não titubeia
A proposta de Rômulo Gouveia
Assembléia deu sim como resposta.
O museu está no bairro do Cruzeiro
Zé Nobre, fundador e diretor
Ele tem mantido com seu labor
Tudo ali foi feito com seu dinheiro.
Dedicou-se ao projeto por inteiro
Até na Rádio como locutor
É produtor e apresentador
Seu programa é o Canto do Rei.
Como todo gonzagueano eu sei
José Nobre faz tudo por amor.
Percebi estampado na entrevista
No ano que a Marinês morreu
Em dois mil e sete aconteceu
No Paraíba Online, ao jornalista
Foi publicado pelo colunista
Como foi sua identificação
Com Luiz Gonzaga, o Gonzagão
Ele explicou como ocorreu
Falou da construção do seu museu
Revelou sua admiração.
Em dois mil e onze em parceria
Com o Doutor Francisco Antônio Costa
José Nobre em outra área aposta
Na ocasião apresentaria
A vida e toda discografia
Falando do nosso Rei do Baião
Vem no título uma indagação
Na premissa, afirmação total.
Disse: Por que o Rei é imortal
Revelando a sua devoção.
Sou amigo do homenageado
Já o encontrei em Caruaru
Depois Campina Grande e Exu
Eu me sinto muito lisonjeado.
Esse folheto aqui foi criado
Pra fazer o cordel tem os critérios
José Nobre é desses homens sérios
Que o Brasil precisa valorizar.
Seu valor não se pode calcular
Comparar ou trocar pelos minérios.