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Recife quem deu teu nome
Fui entrevistando o mar
Encontrei logo arrecifes
Que ali marcam o lugar
Os rochedos de corais
Para onda segurar
Com as redes a pescar
Eu falei com um senhor
Disse-me aqui já foi
Colônia de pescador
Um começo bem humilde
É verdade seu doutor
Relevante é o fator
Que eu tenho lhe contado
Mil quinhentos e trinta e sete
O Recife foi fundado
Por ser área litorânea
Um porto foi criado
O produto escoado
Trouxe desenvolvimento
O Recife já crescia
Tudo é contentamento
Os vizinhos não gostavam
Pra Olinda é um tormento
Foi com esse movimento
Que Recife despertou
O açúcar era ouro
Que a Holanda cobiçou
Em mil seiscentos e trinta
Holandês aqui chegou
O Maurício transformou
O Recife em capital
O Brasil é holandês
Quem governa é Nassau
Essa terra é nova Holanda
Modelo colonial
Decisão inicial
Do então governador
Bom Nassau nem parecia
Ser um colonizador
Tantos deles eu já conheço
Era só explorador
Esse é bom invasor
Pois tratou de urbanizar
Meu Recife um vilarejo
Mas acaba de ganhar
Um governo que trabalha
Pra cidade prosperar
Bom Nassau trouxe pra cá
Arquiteto e engenheiro
Médico e naturalista
O Recife é pioneiro
Ponte e jardim botânico
Ele gastava dinheiro
Recife é um canteiro
Tudo está em construção
Escolas canais e diques
Os judeus em migração
Sinagoga inaugurada
Nassau deu a permissão
Essa inauguração
Da América a primeira
E Nassau continuou
Governar dessa maneira
Transformou logo o Recife
Numa terra hospitaleira
Uma metrópole brasileira
Recife se transformou
Investiu muito em cultura
As missões ele importou
Artista e cientistas
Bom Nassau já convidou
O progresso em fim chegou
Pintor e naturalista
Retratou bem a paisagem
Assim fez o desenhista
Nossa fauna e a flora
Tudo entrou nesta lista
Tanta alma de artista
Que o Recife abraçou
Foi Mauricio de Nassau
Que o Recife embelezou
Quando em sua despedida
Nossa gente protestou
Pernambuco então lutou
Tudo foi rebelião
Tanta gente descontente
Muito arrocho e opressão
Holandeses vão correndo
A batalha é expulsão
Que enorme confusão
O mascate se envolveu
Oh! Burgueses portugueses
O que foi que aconteceu
Em mil setecentos e dez
O combate ocorreu
O Recife combateu
Esse foi mais um conflito
É o palco de batalhas
Nele ocorre um atrito
A nobreza açucareira
E comerciante aflito
Nessa guerra que reflito
O Recife em crescimento
Apesar da confusão
Nosso desenvolvimento
Não parou pelo contrário
Teve mais um incremento
Aqui veio no pensamento
Lembro a contribuição
Dos negros aqui trazidos
Da África mãe nação
Feito escravo nessa terra
Que impôs escravidão
E após a abolição
Um passista segredou
Que o rio Capibaribe
Beberibe o encontrou
No Recife um passeio
De catamarã frevou
Nos seus passos revelou
Recife em aquarela
Um ferrolho, um caranguejo
Uma tesoura, uma tramela
Tão bonita eu te vejo
Daqui da minha janela
Recife cidade bela
Teus rios tal qual moldura
Destaca essa riqueza
Conduzem tua doçura
Contemplam o teu passado
E tão rica formosura
Lembro a tua ternura
Recife nasce do mar
Não te rendes aos invasores
Sempre pronta a lutar
No nordeste és comando
Todos vão te acompanhar
Recife é o meu lugar
Estava longe e regressei
As noites que agora acordam
Os amigos que encontrei
O banzo é só passado
Lágrimas que derramei
Logo que aqui cheguei
Vi tua programação
Os teus festejos juninos
A festa de São João
Tudo tão distribuídos
Nos polos de animação
Ao pedir informação
La na praça do arsenal
Vi também teu interesse
Na igualdade racial
Para assim fortalecer
Tua cultura local
Não é só pra carnaval
Que tu tens a vocação
Vejo sim em tua meta
Uma sublime missão
Por isso cidade polo
Representa esta nação
Tenho documentação
Do que tens realizado
Na cultura regional
Nas raízes tem focado
Completa quarenta anos
O Quinteto violado
Estou aqui do teu lado
O teu clima tropical
Recife tua planície
Teu rio teu manguezal
Cativa até estranho
Que vem pro teu carnaval
Tua história social
Fala de revolução
Praieira, Equador
É tanta insurreição
Recife tu é valente
E merece atenção
Além da rebelião
Por isso vapor do mal
As ideias são bem vindas
Recife foi liberal
Lutou como insurgente
Contra o poder central
Povo que tem ideal
Poe um fim na escravidão
Derrota tuas mazelas
Derrubas o teu porão
Cabeça que distribui
Tanta conscientização
Essa comemoração
Que te vejo festejar
Capiba, Nelson Ferreira
Claudionor pode cantar
Tua voz nasceu pra o frevo
Como as águas para o mar
Quando eu for comemorar
Lá no teu aniversário
No dia doze de março
Olho pro teu calendário
Mil quinhentos e trinta e sete
Vejo que tu és lendário
Recife imaginário
Saudoso mestre Ferreira
Zumba e mestre Capiba
Voltei Luiz Bandeira
Spok viu tua Orquestra
A regência é de primeira
Nas letras vejo a cadeira
Sentado tá João Cabral
Gilberto, Nelson Rodrigues
Recife é festival
Lenine, Antônio Nóbrega
Em um lindo musical
Sábado de carnaval
A cidade é dominada
Nas ruas do meu Recife
A cantiga é Ei moçada!
O carnaval começa
No galo da madrugada
Uma marca registrada
Presença do folião
Na Dantas Barreto eu vejo
Linda apresentação
Brilhou estrela brilhante
O maracatu nação
Recife tem opção
Registro neste cordel
Escutei lá no Teatro
O lindo Santa Isabel
Teu hino é de autoria
Do teu filho Manoel
Fez um bonito papel
Lindo mesmo de encantar
A banda e a orquestra
Já foi lá se apresentar
O Teatro é testemunha
Tá ali pra apresentar
Recife pode falar
Qual pincel que te pintou
Desenhos dos mais formosos
Artista que aqui morou
Tuas pontes passarelas
Que minha alma passeou
O passado me contou
Tu fizeste acreditar
Um povo tão consciente
Que um boi pode voar
Essa estória não esqueço
Não consigo apagar
Nassau quis valorizar
Sua ponte demorou
Conseguiu pois terminar
O povo que até zombou
Teve mesmo que pagar
O pedágio que cobrou
Maurício se endividou
Minha cidade virou tela
Quem dera que nessa ponte
Eu fosse qual sentinela
Olhando o meu Recife
Diante da passarela
Recife minha aquarela
Tu és o filho das águas
Teu sorriso é constante
No peito limpo sem mágoas
Guarda assim os teus rios
Das roupas que se enxágua
No mar assim deságua
Tristeza felicidade
Casarão, museus e fortes
A história traz tua idade
Recife quero-te tanto
Tão feliz minha cidade
Vejo tua qualidade
Meu Recife de corais
Teu encanto é natural
Teus poetas imortais
E valores do passado
Lembro Edgar Morais
Quando vejo são iguais
Teu espelho ali presente
Os turistas em tuas ruas
Aurora está contente
Nunca mais eu vou embora
Oh! Sol volta pra gente