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RECIFE – Capital do Frevo, Filho das águas ( Projeto minha cidade em cordel)
Autor: Ivaldo Batista
Por Cláudio Rocha
Publicado em 15/10/2025 21:00
Coluna do Cordel

 

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Recife quem deu teu nome

Fui entrevistando o mar

Encontrei logo arrecifes

Que ali marcam o lugar

Os rochedos de corais

Para onda segurar

Com as redes a pescar

 

 Eu falei com um senhor

 Disse-me aqui já foi

 Colônia de pescador

 Um começo bem humilde

 É verdade seu doutor

 

 Relevante é o fator

 Que eu tenho lhe contado

 Mil quinhentos e trinta e sete

 O Recife foi fundado

 Por ser área litorânea

 Um porto foi criado

       

 O produto escoado

 Trouxe desenvolvimento

 O Recife já crescia

 Tudo é contentamento

 Os vizinhos não gostavam

 Pra Olinda é um tormento

 

Foi com esse movimento

Que Recife despertou

O açúcar era ouro

Que a Holanda cobiçou

Em mil seiscentos e trinta

Holandês aqui chegou

 

O Maurício transformou

O Recife em capital

O Brasil é holandês

Quem governa é Nassau

Essa terra é nova Holanda

Modelo colonial

 

Decisão inicial

Do então governador

Bom Nassau nem parecia

Ser um colonizador

Tantos deles eu já conheço

Era só explorador

 

Esse é bom invasor

Pois tratou de urbanizar

Meu Recife um vilarejo

Mas acaba de ganhar

Um governo que trabalha

Pra cidade prosperar

 

Bom Nassau trouxe pra cá

Arquiteto e engenheiro

Médico e naturalista

O Recife é pioneiro

Ponte e jardim botânico

Ele gastava dinheiro

 

Recife é um canteiro

Tudo está em construção

Escolas canais e diques

Os judeus em migração

Sinagoga inaugurada

Nassau deu a permissão

 

Essa inauguração

Da América a primeira

E Nassau continuou

Governar dessa maneira

Transformou logo o Recife

Numa terra hospitaleira

 

Uma metrópole brasileira

Recife se transformou

Investiu muito em cultura

As missões ele importou

Artista e cientistas

Bom Nassau já convidou

 

 

O progresso em fim chegou

Pintor e naturalista

Retratou bem a paisagem

Assim fez o desenhista

Nossa fauna e a flora

Tudo entrou nesta lista

 

Tanta alma de artista

Que o Recife abraçou

Foi Mauricio de Nassau

Que o Recife embelezou

Quando em sua despedida

Nossa gente protestou

 

Pernambuco então lutou

Tudo foi rebelião

Tanta gente descontente

Muito arrocho e opressão

Holandeses vão correndo

A batalha é expulsão

 

Que enorme confusão

O mascate se envolveu

Oh! Burgueses portugueses

O que foi que aconteceu

Em mil setecentos e dez

O combate ocorreu

 

O Recife combateu

Esse foi mais um conflito

É o palco de batalhas

Nele ocorre um atrito

A nobreza açucareira

E comerciante aflito

 

Nessa guerra que reflito

O Recife em crescimento

Apesar da confusão

Nosso desenvolvimento

Não parou pelo contrário

Teve mais um incremento

 

Aqui veio no pensamento

Lembro a contribuição

Dos negros aqui trazidos

Da África mãe nação

Feito escravo nessa terra

Que impôs escravidão

 

E após a abolição

Um passista segredou

Que o rio Capibaribe

Beberibe o encontrou

No Recife um passeio

De catamarã frevou

 

 

Nos seus passos revelou

Recife em aquarela

Um ferrolho, um caranguejo

Uma tesoura, uma tramela

Tão bonita eu te vejo

Daqui da minha janela

 

Recife cidade bela

Teus rios tal qual moldura

Destaca essa riqueza

Conduzem tua doçura

Contemplam o teu passado

E tão rica formosura

 

Lembro a tua ternura

Recife nasce do mar

Não te rendes aos invasores

Sempre pronta a lutar

No nordeste és comando

Todos vão te acompanhar

 

Recife é o meu lugar

Estava longe e regressei

As noites que agora acordam

Os amigos que encontrei

O banzo é só passado

Lágrimas que derramei

 

Logo que aqui cheguei

Vi tua programação

Os teus festejos juninos

A festa de São João

Tudo tão distribuídos

Nos polos de animação

 

Ao pedir informação

La na praça do arsenal

Vi também teu interesse

Na igualdade racial

Para assim fortalecer

Tua cultura local

 

Não é só pra carnaval

Que tu tens a vocação

Vejo sim em tua meta

Uma sublime missão

Por isso cidade polo

Representa esta nação

 

Tenho documentação

Do que tens realizado

Na cultura regional

Nas raízes tem focado

Completa quarenta anos

O Quinteto violado

 

 

Estou aqui do teu lado

O teu clima tropical

Recife tua planície

Teu rio teu manguezal

Cativa até estranho

Que vem pro teu carnaval

 

Tua história social

Fala de revolução

Praieira, Equador

É tanta insurreição

Recife tu é valente

E merece atenção

 

Além da rebelião

Por isso vapor do mal

As ideias são bem vindas

Recife foi liberal

Lutou como insurgente

Contra o poder central

 

Povo que tem ideal

Poe um fim na escravidão

Derrota tuas mazelas

Derrubas o teu porão

Cabeça que distribui

Tanta conscientização

 

 

Essa comemoração

Que te vejo festejar

Capiba, Nelson Ferreira

Claudionor pode cantar

Tua voz nasceu pra o frevo

Como as águas para o mar

 

Quando eu for comemorar

Lá no teu aniversário

No dia doze de março

Olho pro teu calendário

Mil quinhentos e trinta e sete

Vejo que tu és lendário

 

Recife imaginário

Saudoso mestre Ferreira

Zumba e mestre Capiba

Voltei Luiz Bandeira

Spok viu tua Orquestra

A regência é de primeira

 

Nas letras vejo a cadeira

Sentado tá João Cabral

Gilberto, Nelson Rodrigues

Recife é festival

Lenine, Antônio Nóbrega

Em um lindo musical

 

 

Sábado de carnaval

A cidade é dominada

Nas ruas do meu Recife

A cantiga é Ei moçada!

O carnaval começa

No galo da madrugada

 

Uma marca registrada

Presença do folião

Na Dantas Barreto eu vejo

Linda apresentação

Brilhou estrela brilhante

O maracatu nação

 

Recife tem opção

Registro neste cordel

Escutei lá no Teatro

O lindo Santa Isabel

Teu hino é de autoria

Do teu filho Manoel

 

Fez um bonito papel

Lindo mesmo de encantar

A banda e a orquestra

Já foi lá se apresentar

O Teatro é testemunha

Tá ali pra apresentar

 

 

Recife pode falar

Qual pincel que te pintou

Desenhos dos mais formosos

Artista que aqui morou

Tuas pontes passarelas

Que minha alma passeou

 

O passado me contou

Tu fizeste acreditar

Um povo tão consciente

Que um boi pode voar

Essa estória não esqueço

 Não consigo apagar

 

Nassau quis valorizar

Sua ponte demorou

Conseguiu pois terminar

O povo que até zombou

Teve mesmo que pagar

O pedágio que cobrou

 

Maurício se endividou

Minha cidade virou tela

Quem dera que nessa ponte

Eu fosse qual sentinela

Olhando o meu Recife

Diante da passarela

 

 

Recife minha aquarela

Tu és o filho das águas

Teu sorriso é constante

No peito limpo sem mágoas

Guarda assim os teus rios

Das roupas que se enxágua

 

No mar assim deságua

Tristeza felicidade

Casarão, museus e fortes

A história traz tua idade

Recife quero-te tanto

Tão feliz minha cidade

 

Vejo tua qualidade

Meu Recife de corais

Teu encanto é natural

Teus poetas imortais

E valores do passado

Lembro Edgar Morais

 

Quando vejo são iguais

Teu espelho ali presente

Os turistas em tuas ruas

Aurora está contente

Nunca mais eu vou embora

Oh! Sol volta pra gente

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