Autor: Ivaldo Batista
Sobre o Rio de Janeiro
Fiz esse cordel irado
Falando da capital
Não falei sobre o Estado
Aqui não temos caô
Podes crer no meu recado.
O folheto foi criado
Para homenagear
Aniversário do Rio
Temos que comemorar
Numa festa como essa
Temos que presentear.
Eu adoro apreciar
Essa cidade formosa
Das que existem no mundo
O Rio é mais charmosa
É justo ser conhecida
Cidade maravilhosa.
Creio ser a mais famosa
Por isso foi merecido
Quando em São Petersburgo
O prêmio oferecido
A cidade fez a festa
Seu povo é agradecido.
O título recebido
Patrimônio mundial
Por todas suas belezas
A paisagem cultural
Faz do Rio de Janeiro
Um orgulho nacional.
A beleza é natural
Colírio para visão
O meu Rio é um altar
Pra nossa contemplação
E através desses versos
Faço a celebração.
O coração tem razão
Que a razão desconhece
Acredito ser por isso
Que a gente nunca te esquece
Assim um pernambucano
Esse cordel te oferece.
O país bem reconhece
É nosso cartão postal
Desde o teu nascimento
No Brasil colonial
Capital da realeza
No Brasil imperial.
Esplêndido litoral
E um gostoso calor
Cada pedaço de ti
Um verdadeiro sabor
Como sufista venero
A Praia do arpoador.
Nessa prancha o teu andor
Sobre as águas um poema
Leblon e Copacabana
Um bacana diadema
Não esqueço a tua forma
Minha bela Ipanema.
Do Brasil é um emblema
Eu desejo te curtir
Logo em frente uma vontade
De querer te descobrir
Quão difícil é chegar
E logo se despedir.
Agora vou repetir
Meu desejo é morar nela
Passear nos calçadões
Observar da janela
Contemplar tuas belezas
Do mirante da favela.
Minha cidade aquarela
Do Brasil é o coração
É a estrela mais linda
Da nossa constelação
Feliz é teu padroeiro
O bom São Sebastião.
O protetor desse chão
Deu permissão pra contar
Se quiseres conhecer
Pode então anotar
Tudo que eu pesquisei
Agora vou repassar.
Pra você localizar
Essa linda flor de lis
Esse lugar deslumbrante
De um povo tão feliz
É no centro do Brasil
No Sudeste do país.
Declarar-me sempre quis
Para esta capital
O meu torrão fluminense
Foi capital nacional
Nos anais de nossa história
Foi Capital federal.
Roteiro internacional
Para quem vem do estrangeiro
Turista tem diversão
Deixa aqui o seu dinheiro
O Rio é referência
Exemplo pra o brasileiro.
O Rio em tudo é celeiro
Tem seu valor natural
Com sua exuberância
Esplêndido litoral
De brinde nos oferece
Esse esplendor visual.
Patrimônio cultural
De nossa humanidade
Venha saber a razão
Passeando na cidade
Igual a outros lugares
Também tem desigualdade.
Falando dessa cidade
Lembro a povoação
Baia de Guanabara
Foi marco da ocupação
Tupinambás habitavam
Quando houve a invasão.
Veio a colonização
A partir do invasor
Português Gaspar de Lemos
Foi grande explorador
Em Mil quinhentos e dois
O chamam descobridor.
Um povo conquistador
Dessas terras se apossou
Os franceses estiveram
No Rio e dominou
Com o apoio nativo
Que o francês cooptou.
E o português lutou
Expulsando o francês
Que fundou sua colônia
Marcou o lugar de vez
Traços de sua cultura
Que o tempo não desfez.
Finalmente o português
Um tal Estácio de Sá
Perto do Pão de Açúcar
Conseguiu desembarcar
E novamente o Rio
Conseguiram conquistar.
Foi aí nesse lugar
Que Estácio resolveu
Dia primeiro de março (01.03)
Foi quando aconteceu
O meu Rio de Janeiro
Neste dia então nasceu.
Sabe quando ocorreu
Foi no século dezesseis
No ano sessenta e cinco (1565)
Nascia com altivez
Essa cidade tão linda
Entre morros Deus a fez.
Só pra lembrar a vocês
O morro Cara de Cão
O morro Pão de Açúcar
Entre eles a fundação
Adiante construíram
Uma edificação.
Fortaleza de são João
Ali foi embrionário
Os Tamoios resistentes
Dos franceses eram operários
No ano sessenta e sete (1567)
Foi o fim do adversário.
Guardo no imaginário
Período colonial
A cidade foi crescendo
Com importância vital
O Rio teve uma conquista
Foi sede colonial.
O tal Marquês de Pombal
Foi ele quem transferiu
A sede veio pra o Rio
Lá de Salvador saiu
Grande era a importância
Da cidade que se viu.
Todo metal que saiu
Ouro das Minas Gerais
Essas riquezas levadas
Teve o Rio como cais
Com todo esse movimento
O progresso veio atrás.
O Rio crescia mais
Tornava-se uma grandeza
As guerras lá na Europa
Trouxe a Corte portuguesa
Também tristeza e sofrer
O progresso e a beleza.
Bonito por natureza
O Rio foi transformado
Foi o centro do império
Luso Brasil transformado
Foi por decisão do Rei
Que aqui foi instalado.
Para ficar registrado
Eu acho ser ideal
Guardarmos como lembrança
Presença de Portugal
A nossa Biblioteca
Do Rio é Nacional.
Fim da era imperial
A República chegou
Rio é palco importante
Da luta que se travou
As mudanças na cidade
Muita confusão gerou.
A História registrou
Movimentos importantes
Medidas impopulares
E os castigos constantes
A revolta da vacina
Eu lembro todos instantes.
Pra o povo é revoltante
Aquilo que ocorria
Os problemas sociais
Junto com o Rio crescia
Trabalho e oportunidade
Que todo dia se via.
A cidade atraia
Tudo lá era ideal
Tanta gente lá chegando
Deu crise habitacional
O aumento da pobreza
Um problema social.
O problema afinal
Do crescer desordenado
A República enfrentou
O povo bem revoltado
O pobre pede socorro
No morro ele é jogado.
O povo foi deslocado
Toda a população
Quem vivia ali no centro
E naquela região
Tinha início o processo
Da tal favelização.
Tão grave a situação
Que eu prefiro esquecer
Apesar de seus contrastes
No Rio é possível ver
Um conjunto de belezas
Oferecida a você.
É fácil de perceber
O Rio é a cidade
Quem abrigou a coroa
Não perdeu a majestade
É cara-crachá Brasil
É nossa identidade.
Minha nacionalidade
Nessa terra se constata
No progresso que ostenta
Nos problemas que retrata
Naquilo que todo o dia
A nossa mídia relata.
Uma pessoa sensata
Fala tudo com cautela
Há muito que se fazer
Mas a cidade é bela
Queria no Corcovado
Ser só tua sentinela.
Dessa cidade aquarela
Na pesquisa que eu fiz
O povo sempre opinando
O mundo pensa e diz
Acham mesmo que o Rio
É capital do país.
Meu Rio foi mais feliz
A prova está nos jornais
Vi no Jornal do Brasil
Em seus editoriais
Cento e vinte oito anos
Suas lembranças reais.
Nesses dias atuais
A cidade se apresenta
O Brasil sempre de olho
A população atenta
Tudo que nela acontece
O mundo todo comenta.
Nossa responsa aumenta
Pra falar desse lugar
Um passeio na cidade
Eu pude apreciar
Anotei alguma coisa
E agora vou contar.
Numa roda fui sambar
Caracas cheguei primeiro
Era ensaio da escola
No meu Rio de Janeiro
A mulata convidou
Pra voltar em fevereiro.
É carnaval brasileiro
O malandro assim falou
Disse: É mole ou quer mais!
A Sapucaí brilhou
Beija Flor, Vila Isabel
Na avenida brilhou.
O enredo que cantou
Tributo a Noel Rosa
Nascido aqui no Rio
Cidade maravilhosa
Homenagem a cidade
Deixa a multidão fogosa.
Tal qual a mulher formosa
Visual encantador
Andarilhos embevecidos
Declarando o seu amor
E recebendo a bênção
Lá do Cristo redentor.
Cidade que abrigou
O artista retirante
Projetou muitos dos nomes
Que escuto a todo instante
Como quem tira do escuro
Levando alguém no monte.
Artistas iniciantes
Já receberam troféu
Estiveram na TV
Ou no Tereza Raquel
No Rio se revelaram
Foi importante papel.
Tem o poder do pincel
Que dar vida ao artista
Há tantos nem sei contar
Está cheia minha lista
Cantores e compositores
Atores e cordelistas.
Poetas e romancistas
No Rio foram morar
E junto com os da terra
Foi bom juntar e somar
O talento brasileiro
Ao Rio coube mostrar.
Vitrine é o lugar
Pra lá toda atenção
Tudo que há de melhor
Está em exposição
Dessa forma nosso Rio
É visto pela nação.
Toda apresentação
De quem teve um ideal
Projetou-se aqui no Rio
E tornou-se nacional
Consagrado o artista
Estrela internacional.
Pra melhorar o astral
Trouxe o amigo Flumeu
Que andou pela cidade
E um pedido atendeu
Sugeriu pontos turísticos
A Mengão um tio meu.
Foi Vascão quem descreveu
Copacabana e Leblon
Guanabara e Tijuca
Pão de açúcar é muito bom
Um passeio de bondinho
O Rio é luz de Neon.
Maracanã é o tom
Do país do futebol
Ao falar de uma partida
O Estádio está no rol
Estrear em seu gramado
É brilhar feito o sol.
O Fogão é um cerol
E conseguiu esperar
Numa partida daquelas
Ele consegue está
Flamengo e Fluminense
Se encontrando pra jogar.
Domingo vai esquentar
Eu vou em São Januário
O Vasco joga com o Bota
Hoje é aniversário
Botafogo é um peixinho
Que entrou nesse aquário.
Falando em aniversário
Quatro século e meio
Quatro, cinco, cinco anos (455)
Data linda que nos veio
Por isso vim festejar
Vamos brindar com um torneio.
Não pense que estou alheio
Estou sempre acompanhando
Dia primeiro de março
Aqui vou comemorando
Festa pra o Rio de Janeiro
Que está aniversariando.
Quero ouvir gente cantando
O mambo da Cantareira
Cantado por Gordurinha
Trabalhar em Madureira
Quem morar em Niterói
Essa viagem é pauleira.
O Bezerra e o Moreira
Cantando a malandragem
A boemia da Lapa
Licença estou de passagem
Recordando todo brilho
Te fiz essa homenagem.
O teu samba é bagagem
Viva o Zeca Pagodinho
Chega aí Jorge Aragão
Da Vila vem o Martinho
Dudu Nobre está na área
Vai cantar um bocadinho.
A cidade é um cantinho
Da arte é capital
É nossa casa de samba
Do pagode no quintal
Que corre descendo o morro
Indo até o litoral.
Do morro do Vidigal
Pertinho tem São Conrado
A vista que tenho é única
Como num quadro pintado
A imagem mais bonita
Dessas que tenho olhado.
Eu tenho relacionado
Muitos bairros no lugar
Penha, Urca e Olaria
Sepetiba e Paquetá
Ilha do Governador
Bangu, Jacarepaguá.
São Clemente, Irajá
Leme, Glória e Realengo
Pavuna, Cidade Nova
Madureira e Flamengo
Meier e Santa Tereza
São Gonçalo tenho um dengo.
O aterro do flamengo
Guanabara, Piedade
Laranjeira, Botafogo
Também tem nessa cidade
Bonito Jardim Botânico
Que dar vida e qualidade.
Eu sou maior de idade
Em terra pernambucana
No Rio eu perguntei
Qual é a praia bacana
Guanabara, Ipanema
Ou será Copacabana?
Na escola, uma gincana
Tive que apresentar
A história fluminense
A quem veio visitar
E na tal exposição
Muito bem pude falar.
E para eu demonstrar
Escolhi lindo papel
Pintei morros, rios, mar
A floresta e o céu
Voei numa asa delta
E ganhei lindo troféu.
Pra o Rio tiro o chapéu
Seu morro, samba e sambista
Pra Vinícius e Benito
De Paula, o pianista
Cazuza, Chico Buarque
Gonzaguinha grande artista.
Eu sou Ivaldo Batista
Um poeta brasileiro
Natural de Pernambuco
Sou matuto sou brejeiro
E com esse meu cordel
Saúdo o Rio de Janeiro.
Esse Estado celeiro
Produziu compositor
Geraldinho, Orlando Silva
Gabriel, o pensador
Jorge Bem e Dudu Nobre
Escolha o seu cantor.
Cantando o ex - amor
Lá da Vila vem Martinho
Cantando o caviar
Ouço o Zeca Pagodinho
Também a MPB
Canta nosso Geraldinho.
Na viagem de Bondinho
Eu me senti lá no ar
E no trenzinho eu pude
Toda paisagem avistar
Avistei o paraíso
Consegui fotografar.
É pra se maravilhar
Vendo o cartão postal
O meu Rio de janeiro
Do Brasil com alto astral
Pra quem entra no Brasil
É entrada triunfal.
Uma obra divinal
Transmite linda mensagem
Muita paz e esperança
Eu tiro dessa paisagem
Quando Deus criou o Rio
Foi ímpar a modelagem.
Eu estive de passagem
Nessa terra um belo dia
Curioso eu cheguei
Daqui eu nada sabia
Só de vez em quando um fato
Ou notícia eu ouvia.
No Correio sempre eu lia
Prestando sempre atenção
A notícia chega quente
É boa a informação
Sobre o Rio de Janeiro
Onde está meu coração.
Essa história na mão
Sabe o Brasil inteiro
Preferência nacional
E também no estrangeiro
Por vamos cantar
Pra o Rio de Janeiro.
Oh! meu Rio de Janeiro
Ao nascer já eras lindo
Veja o Cristo redentor
De braços abertos rindo
Dizendo ao visitante
Você aqui é bem-vindo.
Continua investindo
Na sua linda paisagem
O homem edificando
Melhorou sua imagem
Natureza e arquitetura
Aprovam nossa postagem.
Já marquei minha viagem
Para eu comparecer
No bonde Santa Tereza
Eu viajo com prazer
Vou lá declamar uns versos
Que resolvi escrever.
Parabéns para você
Das flores é minha rosa
Teu níver é especial
Minha cidade pomposa
Um feliz aniversário
Cidade maravilhosa.
Êita lembrança gostosa
As lembranças do sertão
A cultura nordestina
Belezas do meu torrão
Tudo encontro nessa feira
São Cristóvão é um feirão.
Rio é uma nação
É a sala é meu quintal
Tudo que há no Brasil
É essência cultural
Tudo aqui representado
Da arte é capital.
Cidade memorial
De prazer e diversão
Que desfila eternamente
O Rio é campeão
Merece ser a maquete
Em eterna exposição.
Deixo a minha saudação
Rio te amo demais
Gostei muito dessas terras
De Vinícius de Moraes
Dessa terra encantada
Não esquecerei jamais.
Que Deus te traga a paz
Progresso e união
Deus já te abençoou
És o mais lindo torrão
Eu não nasci carioca
Mas já sou de coração.