MACEIÓ – O Caribe brasileiro, Uma paixão a partir do mar
02/12/2019 13:47 em Coluna do Cordel

Autor: Ivaldo Batista

Ivaldo Batista Costa é escritor e cordelista. Natural de Carpina, Pernambuco, 12/01/1963. É membro efetivo da União Brasileira de Escritores (UBE); da União Carpinense de Escritores e Artistas (UCEA) e do Instituto Histórico de Jaboatão dos Guararapes.Ivaldo Batista é formado em História pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Bacharel em Teologia pelo STBNB e pós-graduado em História de Pernambuco.

 

COLUNA DO CORDEL

 

Visitei o Estado de Alagoas

Fui buscar tudo o que há de melhor

Ao entrar na capital Maceió

Fiz amizade com tantas pessoas

Resolvi tecer aqui umas loas

O cordel é minha declaração

De amor a essa população

Natural do “Caribe brasileiro”.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Vem comigo no barco velejar

E do mar ver essa cidade bela

Observar essa linda aquarela

Iça a vela e vamos contemplar

Quem de lá olhar vai se apaixonar

Pois de lá temos toda uma visão

Certo dia eu nessa embarcação

Olhando me apaixonei ligeiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Observando toda essa beleza

De Maceió “a cidade sorriso”

Desde então sua história eu pesquiso

Analiso toda sua riqueza

A grandeza de sua natureza

Só revela o Deus da criação

Quando vi Maceió tive a impressão

Nosso Deus caprichou nesse roteiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Ao sair do barco fui me hospedar

E de lá fui passear na cidade

Meu olhar era curiosidade

Na história procurei mergulhar

Olha só o que eu pude anotar

Vou contar sem nenhuma pretensão

Só a título de informação

Meu irmão sou um pobre forasteiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Primeiro de tudo pude entender

Como foi que acidade começou

A história que aqui se passou

De tudo um pouco eu fui saber

Eu garanto amigo podes crer

Conhecer cada parte do seu chão

Deve ser a maior aspiração

Cidadão sem saber é prisioneiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Essas terras já foram habitadas

Por índios Tapuias no ano mil

É presença nativa no Brasil

Nessa matas já foram confirmadas

Essas terras então são dominadas

Os tupis governaram a região

Antes mesmo da colonização

Expulsaram o morador primeiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Fim do período pré-colonial

Temos a chegada dos portugueses

O Brasil com seus estranhos fregueses

Jaraguá era o ponto ideal

Importante aqui esse local

Pra madeira fruto da extração

Depois pra embarcar a produção

Dos engenhos reduto açucareiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Também no período colonial

Essas terras doadas em sesmaria

Manoel Antônio Duro teria

De Diogo Soares afinal

De acordo com o Rei de Portugal

As ordens vinham pra doação

E também para qualquer construção

O Rei de Portugal foi timoneiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

O primeiro passo pra ser fundada

Ocorreu dia 05 de dezembro

Mil oitocentos e quinze eu lembro

Vila de Maceió foi desmembrada

Da vila de Alagoas é separada

A cidade celebra a criação

Dia cinco é então celebração

Temos festa chamem um sanfoneiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Vila de Maceió foi apartada

Da tal Santa Maria Madalena

Chamada Vila de Alagoas em cena

Marechal Deodoro batizada

Eu também por lá dei uma passada

Li todo seu passado com emoção

A essa terra minha saudação

Eu por lá me senti um pioneiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Ano dezoito da independência

Somados dezoito anos de império

Augustinho da Silva sem mistério

Sancionou uma lei e deu ciência

Estava no cargo da presidência

E mandou pra toda repartição

A lei continha a resolução

Palmas para esse povo guerreiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

09 de dezembro de trinta e nove (1839)

Maceió ganha status de cidade

Elevado essa localidade

Ascensão da cidade se promove

O porto de Jaraguá há quem prove

Que devido a sua operação

Maceió conseguiu toda ascensão

Dai seu crescimento foi ligeiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Vou parar de falar desse passado

Dessa terra “Paraíso da águas”

Vou agora curar as minhas mágoas

O momento atual tenho gostado

Esse povo que tem nos cativado

Tem nos dado boa recepção

Quando vou lá não quero sair não

Sou tratado lá como cavalheiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Com mais de um milhão de habitantes

Tão exuberante é seu litoral

O turismo é vocação natural

Tuas belezas são determinantes

Conquistastes turistas e amantes

Teus mirantes não têm comparação

“Maçaió” essa velha expressão

Representa esse amor primeiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Maceió é capital brasileira

Com cinqüenta bairros bem definidos

Pela lei municipal garantidos

Não vou mostrar a relação inteira

Para não causar uma ciumeira

Se eu fizer pra um, uma exaltação

Lá no Prado sei que tem confusão

No Farol, Tabuleiro e no Pinheiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Seus limites a gente não confunde

Rio Largo, Marechal Deodoro

Paripueira há tempo que te adoro

Satuba e São Luiz do Quitunde

Que essa relação se aprofunde

Cada vez haja aproximação

Apesar dos limites, a divisão

Mostra cada município parceiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Maceió que nos deu o Djavan

Capital do povo alagoano

Grato por nos dar o Graciliano

Ramos afinal desses dois sou fã

“Vidas Secas” ontem, hoje e amanhã

Retrata a nossa situação

Ler a obra é ter a dimensão

Da história do sertão brasileiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Maceió cada vez maravilhosa

Com arquipélago fenomenal

Quem visita acha fenomenal

Vou citar o nome de cada ilha

“Bora bora” paraíso é trilha

“Irineu” “Almirante e “Fogo” são

“Santa Rita” “Santa Maria” estão

“Cabras” “Andorinhas” e “Um coqueiro”.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Maceió teu rico artesanato

Lembra da Feirinha da Pajuçara

Nos trabalhos manuais nossa cara

O maceioense se ver de fato

Vai anotando esse meu relato

Os locais de comercialização

Feirinha do mercado é opção

E no “Cheiro da terra” vou no cheiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Uma bela cidade brasileira

Vem pra cá se desejas conheceres

Veres Nossa Senhora dos Prazeres

Que de Maceió é a padroeira

Tem quem creia que ela é milagreira

Alguns têm por ela adoração

Vinte e sete de agosto é devoção

Desse povo festivo e ordeiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Teu Folclore reúne os folguedos

Caboclinho, Cavalhada, Pastoril

Coco alagoano é Brasil

Tem Quilombo, zabumba e enredos

Festa de Reis, Reisados têm segredos

Todo ano tem apresentação

É história oral é tradução

São tradições de um povo guerreiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Além do mar para admirar

Quero desfrutar lá da ciclovia

Pode ser à tarde, noite ou dia

Quero em Jatiúca pedalar

Lá em Ponta verde quando eu chegar

Vou degustar aquela refeição

Viver com prazer todo esse verão

Essa terra desejo o ano inteiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Ponta verde eu vejo o teu farol

Alvirrubro, listas horizontais

Não me canso de ver lindo demais

Não importa se tem chuva ou sol

Das belezas esta consta no rol

Proporciona-nos linda visão

Eu podia fazer uma relação

Mas de flores entende o jardineiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Hoje eu vou torcer no Rei Pelé

Já fui ao Estádio Nelson Feijó

Times centenários de Maceió

Torci pelo CRB de pé

No CSA eu já botei fé

Estádio Rei Pelé é trapichão

Lá estive na inauguração

Que homenageou esse mineiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Cochichando com o mar de Maceió

Lá em Ponta Verde veio esse tema

Meu cartão postal o “Gogó da ema”

O coqueiro era nosso xodó

As juras de amor de vô e vó

O coqueiro ouviu com atenção

Foi testemunha dessa relação

O gogó de ema foi um coiteiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Chão dos jangadeiros alagoanos

Que se lançaram numa aventura

Na ocasião com pouca estrutura

Quatro pescadores fizeram planos

Eu não lembro o nome dos tais fulanos

Uma rua aqui faz alusão

Aos pescadores que numa missão

Sai daqui para o Rio de janeiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Na canção popular é tão citada

Eu escuto desde que era menino

Quantas vezes o Trio Nordestino

Decantou essa cidade amada

A cidade também foi decantada

Por Luiz Gonzaga Rei do Baião

“Pedaço de Alagoas” Gonzagão

É poesia pura do sanfoneiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Dominguinhos cantando “ai que saudade

Que dó viver longe de Maceió” 

Tema tão explorado no forró

A cidade traduz a realidade

Retratando essa nordestinidade

Maceió nos traz essa inspiração

Parabéns a sua população

Um povo alegre e muito festeiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Com temperatura média anual

Entre vinte e cinco e vinte e nove

Graus centígrados a cidade promove

Ambiente ao turismo alto astral

Quem descobre ali seu litoral

O lugar ideal para o verão

Maceió é pura recepção

Pra turista até do estrangeiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Meu desejo é morar em Maceió

Pode ser na praia de Ponta Verde

Como disse um amigo o Arcoverde

Lá a gente se sente um Faraó

Quem tem grana pra isso é Doró

Que na conta tem mais de um milhão

O barão passa lá sempre o verão

Na terra capixaba ele é obreiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Todo dia de sol vou passear

De jangada naquela linda lagoa

Mundaú de canoa é coisa boa

Vivo tudo que a vida pode dar

Por Pajuçara eu quero passar

Nas piscinas naturais no verão

Toda orla é uma bela visão

Que contemplo em baixo do coqueiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Maceió na canção de Buscapé

E do amigo Antônio Paulino

Declaração de amor que defino

Pois revela a cidade como é

Eu já fui conferir tala qual Tomé

Voltei com fé e mais convicção

Não é sem razão a exaltação

Na canção “Maceió” tem até cheiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Conhecida a “Terra dos marechais”

Lembra mais da Arriete Vilela

Nessa terra merece está na tela

Vinte e cinco piscinas naturais

E os belos arrecifes de corais

De tudo isto tiro a conclusão

Deus botou capricho na criação

Atuou de arquiteto a engenheiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Veja na capa desse meu cordel

Praça dos martírios e gogó de ema

Vamos curtir os versos desse tema

Colorir esse bonito painel

Bota tinta e pinta esse papel

O memorial e a estação

Pra pintar use a imaginação

Conto com esse povo que é parceiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Na gazeta de Alagoas eu vi

Li um projeto bem executado

Cada bairro de Maceió mostrado

Dado crédito a o senhor Jair

A história é contada ali

Por Jair Pimentel essa edição

Depois veio o Ademir Brandão

O trabalho desses dois foi maneiro.

Maceió eu te vi de um veleiro

Desde então floresceu essa paixão.

 

Ouvi a canção “Só em Maceió”

Do Martinho da Vila Rei samba

Fez uma apologia do caramba

Ele é bamba e no samba é cantor-mor

Agradeço ao povo de Maceió

O poeta expressa gratidão

O folheto nasceu da inspiração

Nesse cordelista aventureiro.

Maceió se eu voltar pra o veleiro

Eu te levo dentro do coração.

 

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