Peço a sua licença
Escute o que vou dizer
Pra produzir esses versos
Meu amigo pode crer
Viajei lá pra o sertão
Então pude escrever
Ninguém consegue tecer
Versos com inspiração
Como não se faz a rede
Sem a linha de algodão
A planta que dar seu fruto
Tem as raízes no chão
Assim toda plantação
Precisa ser irrigada
Mas os versos do poeta
Dar na terra esturricada
Lágrimas de sertanejo
Mantém a terra molhada
Considero explicada
A origem dos valores
O meu sertão é celeiro
De poetas cantadores
As canções fazem sucesso
O segredo vem das dores
Meus caríssimos leitores
Ouçam o que vou dizer
A poesia e a sanfona
Unidas nos dão prazer
Apenas Flávio José
Faz a junção pra valer
Ele consegue fazer
O mundo todo parar
A garota vem correndo
Depressa quer abraçar
No gemido da sanfona
O convite pra dançar
Quero te apresentar
Um cantor sem vaidade
Com jeito simples de ser
Seu forte é sinceridade
Nas canções que canta e toca
Vejo sua identidade
Sua nordestinidade
Ele consegue expressar
Esse exímio sanfoneiro
Conseguiu se projetar
Flávio José rei do Xote
É poeta popular
Ao vê-lo se apresentar
Compartilho ao mundo inteiro
É talento sertanejo
Esse grande sanfoneiro
Um mito da Paraíba
Natural lá de Monteiro
Grande cantor brasileiro
Interpreta nossa dor
Além das composições
É excelente cantor
Flavio José Marcelino
Remígio é cantador
Foi caboclo sonhador
Também diz: Sou o forró
Já cantou o Pajeú
E sertão do Moxotó
Quando canta bota alma
Lembro do meu Seridó
Canta a estrada e o pó
Do nordeste brasileiro
Nas mãos um acordeom
Flávio José é guerreiro
NORDESTINO LUTADOR
Foi o seu disco primeiro
Seu cantar é verdadeiro
Ouço e vou ao sertão
TONHA e ENGENHO VELHO
QUANDO BATE O CORAÇÃO
VENDAVAIS, DE MALA E CUIA
Ele canta a solidão
Ouço e sinto emoção
SEM FERROLHO E SEM TRAMELA
É SÓ SAUDADE DA BOA
Pra gente só pensar nela
Canta a fidelidade
O amor que temos por ela
Suas canções todas belas
CAIA POR CIMA DE MIM
MENSAGEIRO BEIJA FLOR
MEU CENARIO, É SEMPRE ASSIM
PORQUE SEU OLHAR NÃO MENTE
FILHO DO DONO, em fim
Todo Nordeste diz sim
Flávio José vai cantar
A POEIRA E A ESTRADA
DEIXA O RIO DESAGUAR
O CABOCLO SONHADOR
É lindo de admirar
O povo passa a gritar
Quer REPRESA DO QUERER
A CACIMBA DO AMOR
Claro que ouvi dizer
E ESPUMAS AO VENTO
A gente quer reviver
Flávio canta pra você
UTOPIA SERTANEJA
E também FILHO DO DONO
Creio que ele almeja
Que a tal da consciência
Com a gente sempre esteja
Eu penso que assim seja
A canção dele traz vida
E para reflexão
A letra também convida
Tem TARECO E MARIOLA
Para você que duvida
Uma mensagem aguerrida
Desde que era menino
O Nordeste é valoroso
Orgulho pra o nordestino
Ele é tão singular
Flávio José Marcelino
Ele traçou seu destino
É um cantor genial
O forró, o romantismo
Estilo tradicional
Fazendo o Brasil dançar
Seu canto é imortal
É um referencial
No seu canto a essência
Nesse forró verdadeiro
Ícone da resistência
No Xote ele merece
Ser chamado Excelência
Aqui nessa existência
Flávio José é um mestre
Nascido no Cariri
Na Paraíba Nordeste
O mundo todo admira
Flávio é cabra da peste
Cantou no Sul e Sudeste
Disse muito ter gostado
O forró que lá tocou
Foi muito prestigiado
O verdadeiro forró
Por lá é valorizado
E por aí tem tocado
Demonstra força e fé
O mundo todo respeita
Tem aplaudido de pé
Nunca me canso de ouvir
O som de Flávio José
Dedicado ele é
Apegado ao seu chão
Na música consciência
E apego ao sertão
O sentimento de um homem
Que ama o seu torrão
É Deus quem dar a missão
Ergue um homem pacato
Descobre esse valor
E vai buscar lá no mato
E apresenta ao mundo
Esse forrozeiro nato
Ninguém discorda do fato
Flávio José é qualidade
Aprendeu acordeom
Ainda menor de idade
Aos sete anos tocava
Mostrando capacidade
Mostrou que é bom de verdade
Aos dez anos o cabra macho
Já tocava a sanfona
Que tem vinte e quatro baixos
Seu destino estava escrito
Não sou profeta, mas acho
Flávio é feito riacho
Que sai do interior
Alcança grande sucesso
Sanfoneiro cantador
Seu nome é maioral
Do Xote é imperador
Esse grande tocador
Cantando sua vivência
Recebeu de Gonzagão
Sua maior influência
E o mestre Dominguinhos
Também outra referência
Seu fã clube tem ciência
De tudo que interpretou
Já são oito LP´s
Que em vinil já gravou
E dezessete CD´s
No mercado colocou
Flávio José alcançou
Marcou sua trajetória
A carreira de sucessos
O povo tem na memória
Seu canto é um modelo
Marcante em nossa história
Merece sim toda glória
Pela determinação
Pelas lutas enfrentadas
De quem nasceu no sertão
E deu a volta por cima
E se tornou campeão
Mostrando sempre seu chão
Suas raízes na terra
Cantando a luta e o amor
A vida no pé de serra
Chamando a consciência
A sua arma de guerra
O nordestino não erra
Quando tem que apontar
Quem é melhor cantador
E tocador do lugar
Flávio José é o primeiro
Na lista a figurar
Quando você o escutar
Preste atenção, por favor,
Canções de Flávio José
Declaram sempre amor
Revelando o sentimento
Que tem o compositor
Ah! Se eu fosse um cantor
Poeta e violeiro
Quem sabe um compositor
Ou um simples sanfoneiro
Faria uma melodia
Pra Flávio o cancioneiro
Queria ser forrozeiro
Assim cumprir meu papel
Sanfona ou Acordeom
Seria o meu pincel
Cantando a minha terra
Dessas origens sou réu
Aqui nesse meu cordel
Fiz a minha saudação
Ao Sr. Flávio José
Que canta nosso Sertão
Com música inteligente
Que nutre o coração
Em toda composição
Que Flávio bota o fole
Em sua interpretação
É que o mundo se bole
Gravou Petrúcio Amorim
Maciel e Accioly
Lá no sertão nada é mole
Só passarinho que voa
Vendo a seca medonha
Bate asas e entoa
Seu canto é coisa bela
Como inspiração soa
Já gravou Chico pessoa
E Coroné Caruá
Dorgival e Juarez
Flávio Leandro e Ilmar
Nanado e Itanildo
Sucessos bons pra danar
Ainda dar pra lembrar
Senhor Félix Porfírio
Noel Tavares e João Silva
Leva os fãs ao delírio
E Pinto do Acordeom
Desse Jardim colheu Lírios
Seria como martírio
Viver sem poder cantar
Dores que alugam o peito
E não querem se mudar
Canções de Flávio José
Ajudam a suportar
Às vezes fico a chorar
Ouvindo Flávio José
As lembranças de menino
Do meu Nordeste de fé
A esperança me acode
E me coloco de pé
O nome FLÁVIO JOSÉ
Tem MARCELINO REMÍGIO
Famoso paraibano
Na música tem prestígio
E no mundo do forró
É verdadeiro prodígio
Ivaldo Batista Costa é escritor e cordelista. Natural de Carpina, Pernambuco, É membro efetivo da União Brasileira de Escritores (UBE); da União Carpinense de Escritores e Artistas (UCEA) e do Instituto Histórico de Jaboatão dos Guararapes. Formado em História pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Bacharel em Teologia pelo STBNB e pós-graduado em História de Pernambuco. O escritor Ivaldo Batista é o cordelista mais prolífero da atualidade. Tem trabalhos publicados em cordel com temas diversos, que vão de biografias a trajetórias de clubes de futebol e, ainda, história de várias cidades.