Autor: Ivaldo Batista
VISITE A COLUNA DO CORDEL
Vou falar de uma cantora
Tão bonita e competente
Natural de Pernambuco
Da cidade São Vicente
Férrer, fica no planalto
Borborema bem no alto
Cresceu pra alegrar a gente.
A sua história não mente
Seu canto foi magistral
Sem igual foi Marinês
No cantar profissional
Nesses versos registrei
A você revelarei
No cordel oficial.
Dona de um lindo vocal
Nosso povo assim diz
Quando Marinês cantava
Deixava a gente feliz
Era uma miss da beleza
Cantando era alteza
Parecia até atriz.
Do Nordeste é flor de lis
Nossa eterna cangaceira
O seu nome era Inês
Caetano de Oliveira
Mulher bela de expressão
Reconhece a nação
Essa grande brasileira.
Que já cantou em Pedreira
Precisou buscar seu mel
Enfrentou o maribondo
Sua picada cruel
Ela é povo nordestino
Que recriou seu destino
Reinventou seu papel.
Filha de Seu Manoel
Caetano de Oliveira
A mãe Josefa Maria
De Oliveira e nessa esteira
Teve irmãos pra dedel
Declino aqui no cordel
Pensando em casa na feira.
Marinês toda faceira
Marinalva, o Brasil viu
Maria Lúcia e Solange
Ademar, Susuanil
Luiz Carlos e Lourival
Ivania de bom astral
Pelas terras de Biliu
E Deus assim esculpiu
Fez nascer em dezesseis (16)
Novembro de trinta e cinco (1935)
Eu garanto à vocês
Essa mulher tão valente
Do tempo esteve à frente
Muito sucesso ela fez.
Fenômeno que talvez
Em sua origem esteja
A sua mãe foi cantora
Cantava numa igreja
O pai dela um seresteiro
Ela aprendeu ligeiro
E seguiu sua peleja.
O Brasil que ela almeja
Parou quando ela cantou
Com sua indumentária
Muito bem se apresentou
Cantou baião e forró
No xaxado foi o Ó
E todo mundo adorou.
Aos dez anos começou
Sua brilhante carreira
Pelos programas de Rádios
Ouvimos essa guerreira
Em Programas de calouros
Isso lhe rendeu os louros
Começou dessa maneira.
Linda nova e matreira
14 anos de idade
Casou se com Abdias
Seu produtor na verdade
Viveram por muito tempo
Esse casal era exemplo
De amor e felicidade
Nesse clima de amizade
Cumplicidade se cria
No ano quarenta e nove (1949)
“O CASAL DA ALEGRIA”
Mas já no ano Cinquenta (1950)
O grupo se reinventa
Um trio se formaria.
Assim continuaria
Cumprindo nova missão
Fazendo as aberturas
Pra os Shows de Gonzagão
O toque deu muito roque
Foi a “Patrulha do choque”
Do nosso Rei do Baião.
Fazendo apresentação
Teve seu valor devido
Era nossa Marinês
E Abdias seu marido
E o zabumbeiro Cacau
A banda ficou no grau
Queria eu ter ouvido.
Pelo Nordeste aguerrido
A banda se apresentou
Andou por tantas cidades
Dançou e também cantou
Mas foi lá em Propriá
Sergipe foi o lugar
Que seu destino mudou.
O prefeito apresentou
Marinês a Gonzagão
Sua carreira cresceu
Ganhou grande dimensão
Gonzaga foi lhe ensinar
Ela aprendeu a xaxar
Com nosso Rei do Baião.
Depois desse encontro então
A carreira decolou
Tantas vezes com Gonzaga
Marinês se apresentou
Pra ela foi grande achado
Ser “Rainha do Xaxado”
Gonzaga lhe batizou.
Tantos troféus conquistou
Como “Euterpe” no Rio
Logo no ano seguinte
Venceu outro desafio
De cantora regional
Teatro municipal
Marinês tem o seu brio.
O Brasil todo assistiu
A danada foi bagagem
Premiada recebeu
Prêmio de melhor vendagem
Marinês imponderada
Fêmea forte indomada
Mulher de fibra e coragem.
No Sudeste de passagem
Ela muito pelejou
Encarou com resistência
O preconceito enfrentou
Foi nordestina e mulher
Tocou e cantou de pé
Venceu tudo e triunfou.
De filme participou
Com muito entrosamento
Mesmo sem fazer teatro
Revelou todo talento
Encarando numa boa
Fez “O rico rir à toa”
Com muito conhecimento.
Lembro de cada momento
Tudo que a cantora fez
Lembro seu primeiro disco
Gravado em Cinquenta e seis (1956)
No grupo ela à frente
“Marinês e sua gente”
Chegou em fim sua vez.
Foi aí que Marinês
Agora se encontrou
A danada finalmente
No mundo se consagrou
Sua canção ritmada
Marinês foi tão amada
Seu reino muito durou.
Essa gente que a amou
Ficou muito abalada
Quando em cinco de maio
Uma notícia foi dada
Marinês teve AVC
Isso deixou, vou dizer
Tanta gente preocupada.
Ela ficou internada
Para se recuperar
No hospital em Recife
No Português foi parar
Viva de lá não saiu
Pra o outro mundo partiu
No céu foi se apresentar.
Tão difícil não chorar
Por nossa cantora amada
Com setenta e um anos
Foi para outra morada
Conforme o desejo seu
Campina Grande acolheu
E lá está enterrada.
A morte anunciada
A essa vida ceifou
Dela ninguém se esquiva
Nem a Marinês poupou
Ao saber quase desmaio
Era 14 de maio
Dois mil e sete chorou.
Marcos Farias herdou
É filho e sabe falar
Memória de Marinês
Pode e vai perpetuar
Entre admiradores
Cantores ou produtores
Que vivem a recordar.
Com ela pode cantar
Sulistas e nordestinos
Lulu Santos e Gal Costa
Bem como outros meninos
O Zé e Elba Ramalho
Genival tem seu trabalho
Já cruzaram seus destinos.
Tantos cantores granfinos
Tiveram canções gravadas
E por Marinês famosa
Vidas influenciadas
Canções em todo Brasil
Diz aí Gilberto Gil
As tantas vidas marcadas.
Tantas músicas lançadas
Disco vinil mais de trinta
Pode contar que eu deixo
Se eu errei me desminta
Que mulher fenomenal
Marinês foi genial
Contando me faltou tinta.
Ao cantar pense e sinta
Lembre o “PÉ DE JATOBÁ”
Cante o “BOTÃO DE ROSA”
E “SIRIRI SIRIRÁ”
“BALANCEIRO DA USINA”
“INGRATIDÃO” e “CORINA”
“BANANEIRA MANGARÁ”.
“É NO BALANÇO DO MAR”
E também “EU SOU ASSIM”
“SÓ GOSTO DE TUDO GRANDE”
Ela cantou “EU VI SIM”
Cantou “QUADRILHA É BOM”
Ela tinha todo dom
Parece não tinha fim.
Cantou “EU SOU ESTOPIM”
E “É TEMPO DE VOLTAR”
“TUDO É BOM E NADA PRESTA”
“DISPARADA” “EU CHEGO LÁ”
“É AMOR E É SAUDADE”
“DESABAFO” é verdade
“MEU CARIRI” vi cantar.
Até “E TARÁ RA RÁ”
Que bom é “CARNE DE SOL”
A “CASA DE MARIBONDO”
“O TEMPERO DO FORRÓ”
Ouvi tanto zum zum zum
Cantando “MULHER DE UM”
E Tibau de “MOSSORÓ”.
Marinês com seu gogó
Que voz bonita da peste
E seu modo de cantar
Combinando a sua veste
Eu quero ver quem aguenta
Comer “PEBA NA PIMENTA”
Só João do Vale Nordeste.
Marinês lá no Sudeste
Cantou do Nordeste o som
Gravou com a CBS
COPACABANA e SOMZOOM
BMG, POLYGRAM
RCA bam bam bam
SINTER, EMI ODEON.
O povo achou tão bom
Ver cada apresentação
Marinês “baião de saia”
Lembrava só Gonzagão
Cantando o povo se agita
Marinês era bonita
Qual Deia de Lampião.
Desde a primeira canção
Que foi “MANÉ E ZABÉ”
Junto com Luiz Gonzaga
Marinês ficou de pé
Pra cantar pelo Brasil
E todo mundo aplaudiu
Exceto alguns da fé.
Ainda hoje ela é
Pela nação bem lembrada
Suas canções ninam sonhos
Embala a mulherada
O seu canto de raiz
Fez esse Brasil feliz
Até hoje é escutada.
Ai que saudade danada
De ouvir “PISA NA FULÔ”
“QUEM AVISA AMIGO É”
Eu dou extremo valor
Continua a ser sucesso
Pra você hoje confesso
Sou um admirador.
O seu cantar tem sabor
Das coisas do nosso chão
Ela mostrou pra o mundo
Como é ser do sertão
Com uma voz poderosa
Nossa Marinês saudosa
É fruto do meu torrão.
Marines grande expressão
Neste folheto foi lema
Vivendo em Campina Grande
Rainha da Borborema
Majestade do xaxado
Me sinto abençoado
Minha rainha suprema.
Pra trabalhar esse tema
Fiz consulta ao povão
Disseram que és encantada
Causou me admiração
Tu encantaste o Brasil
O povo que te aplaudiu
Viu tua consagração.
Viva a minha região
Pelo fruto cultivado
Por meio de Marinês
Imperatriz do xaxado
Somos motor da cultura
O canto dela é docura
Desse Nordeste arretado.
A você muito obrigado
Meu prazer foi sem igual
Falar dessa lenda viva
Grande expressão musical
Pra Rainha do xaxado
Me sento lisonjeado
Por receber esse aval.
Somando os versos total
Trezentos e trinta e seis
Se gostaram do folheto
Peço a todos vocês
Pra mim uma curtidinha
Muitas Palmas pra rainha
Aplausos pra Marinês.