Autor: IVALDO BATISTA
Um dia eu lá em casa
Disse pra mãe vou ali
Logo mais estou aqui
De casa eu bati asa
O sol quente feito brasa
Corri pra ver Gonzagão
Soube que o Rei do Baião
Vinha fazer show na rua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão
Na rua vi muita gente
Se deslocando pra lá
Alvoroço no lugar
O dia estava contente
Queria um lugar a frente
Sentia toda emoção
Segurei meu coração
Que até hoje flutua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.
Eu era uma criança
Poucos anos de idade
Tive a oportunidade
Que pouca gente alcança
Hoje falo da lembrança
Gostosa recordação
Faço essa contação
Pra que você usufrua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.
Eu era só um menino
Feliz naquele momento
Era em um Loteamento
Tinha pobre e granfino
Enfrentando o sol a pino
Lá naquela multidão
Eu vivi toda emoção
E a gente compactua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.
Ai meu Deus como eu queria
Fazer o tempo parar
Voltar ao mesmo lugar
Ai que doce nostalgia
Lua na carroceria
Cantando sua canção
Pra nossa satisfação
Que na mente continua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.
Foi selado meu destino
Naquela tarde que vi
Ouvindo ele cresci
Fi da peste nordestino
Se outrora fui menino
Hoje sou um cidadão
Sou um fã de Gonzagão
É verdade nua e crua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.
Essa era minha sina
Estava ali pra ver
Foi tão bom o conhecer
A vida me determina
Tendo vindo de Carpina
Morando em Jaboatão
Eu vi o Rei do Baião.
Tal lembrança continua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.
Que agitação nesse dia
O ômi vinha cantar
Arrumei um bom lugar
Foi com imensa alegria
Hoje é só nostalgia
Vivo da recordação
Quando o Rei do baião
Tocou e cantou na rua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.
O Distrito é Cavaleiro
O Lote é Grande Recife
Ali foi o fim do rifle
Que nos fez correr ligeiro
Gente que só formigueiro
Pra ver nosso Gonzagão
Lembro aquela canção
Que o povo ainda caçua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.
O povo todo cantou
Acompanhou sorridente
Eu estava ali oxente
A gente participou
Todo mundo adorou
O JUMENTO É NOSSO IRMÃO
Cantando essa canção
Pra que o povo usufrua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.
Lembro que Lula ao cantar
A turma se alvoroçou
Todo mundo se agitou
Tanta gente a dançar
Muita gente a gritar
Naquela ocasião
O pop estar do sertão
Parece que flutua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.
Estava ali esse cantor
Famoso e despojado
Por todos admirado
Cantador e tocador
Eu um admirador
Vi seu gesto de paixão
Tive essa conclusão
E talvez você conclua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.
O cantor era famoso
No mundo era sucesso
Inda hoje me interesso
Por seu canto majestoso
O Rei do Baião pomposo
Glorioso em ascensão
Que reina entre o povão
Que inda hoje o cultua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.
Foi de baixo de uma mangueira
Em um caminhão parado
Gonzagão deu seu recado
Com a sanfona gemedeira
Eu passei a tarde inteira
Nessa aglomeração
Cantando toda canção
Tantas mais o Rei possua.
Certa vez vi mestre Lua
Canta sobre um caminhão.
Tinha gente ali trepando
Nos galhos da tal mangueira
Gente que veio da feira
Muita gente ali passando
E todos iam ficando
Essa grande multidão
Era um grande encontrão
O termo usado atenua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.
Gonzaga ali sorteou
Alguns lotes de terrenos
Lembro uns dez mais ou menos
Que o Rei do Baião doou
Foi assim que ele chamou
Pra fazer a doação
Seguindo seu coração
Assim ele efetua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.
Quanto terreno doou
Ali nos dedo eu contava
Gonzaga ali sorteava
Vários lotes entregou
Os critérios que criou
Parece ter decisão
O social em ação
Que a gente assim evolua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.
Deu terreno pra mulher
Chamando a mais idosa
Deu também pra mais charmosa
Pra o idoso Seu Zé
Vi tanta gente com fé
Fazendo até oração
Pra o santo Gonzagão
Outra doação conclua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.
Nesse dia o cantor
Cantou e foi genial
Fez a obra social
Pensou no trabalhador
Fez bem sendo doador
Trouxe-me a reflexão
Ele tem bom coração
Nessas horas ele atua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.
É testemunha a mangueira
Uma arvore frondosa
Uma sombra grandiosa
Que essa gente festeira
Ficou a tarde inteira
Espiando Gonzagão
Cantando toda canção
E dali ninguém recua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.
O momento foi demais
Eu diria foi irado
Ter visto meu rei cantado
Eu não esqueço jamais
Nem sei se foi pra os jornais
Não li na ocasião
Mas vi que foi um festão
Cantei a música sua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.
Gonzaga era adorado
Do sertão ao litoral
Não havia outro igual
Tantas rádios o tocando
Foi bom ouvi-lo cantando
Pra mim foi grande emoção
Eu te digo meu irmão
Pra que você usufrua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.
Gonzaga chapéu de couro
Ícone do nordestino
Nesse cordel que assino
Digo que ele vale ouro
Sua vida é um tesouro
Representa meu torrão
Toda minha região
Quer no palco quer na rua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.
Tal como um passarinho
A sombra do arvoredo
No cenário desse enredo
Lembro com tanto carinho
E divido um pouquinho
O canto do azulão
Cada ave do sertão
No canto o perpetua.
Certa vez vi mestre Lua
Cantar sobre um caminhão.