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Certa vez eu vi Gonzaga cantar sob o caminhão
09/11/2018 14:50 em Coluna do Cordel

 

Autor: IVALDO BATISTA

Um dia eu lá em casa

Disse pra mãe vou ali

Logo mais estou aqui

De casa eu bati asa

O sol quente feito brasa

Corri pra ver Gonzagão

Soube que o Rei do Baião

Vinha fazer show na rua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão 

 

Na rua vi muita gente

Se deslocando pra lá

Alvoroço no lugar

O dia estava contente

Queria um lugar a frente

Sentia toda emoção

Segurei meu coração

Que até hoje flutua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

Eu era uma criança

Poucos anos de idade

Tive a oportunidade

Que pouca gente alcança

Hoje falo da lembrança

Gostosa recordação

Faço essa contação

Pra que você usufrua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

Eu era só um menino

Feliz naquele momento

Era em um Loteamento

Tinha pobre e granfino

Enfrentando o sol a pino

Lá naquela multidão

Eu vivi toda emoção

E a gente compactua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

Ai meu Deus como eu queria

Fazer o tempo parar

Voltar ao mesmo lugar 

Ai que doce nostalgia

Lua na carroceria

Cantando sua canção

Pra nossa satisfação

Que na mente continua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

Foi selado meu destino

Naquela tarde que vi

Ouvindo ele cresci

Fi da peste nordestino

Se outrora fui menino

Hoje sou um cidadão

Sou um fã de Gonzagão

É verdade nua e crua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

Essa era minha sina

Estava ali pra ver

Foi tão bom o conhecer

A vida me determina

Tendo vindo de Carpina

Morando em Jaboatão

Eu vi o Rei do Baião.

Tal lembrança continua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

 

Que agitação nesse dia

O ômi vinha cantar

Arrumei um bom lugar

Foi com imensa alegria

Hoje é só nostalgia

Vivo da recordação

Quando o Rei do baião

Tocou e cantou na rua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

O Distrito é Cavaleiro

O Lote é Grande Recife

Ali foi o fim do rifle

Que nos fez correr ligeiro

Gente que só formigueiro

Pra ver nosso Gonzagão

Lembro aquela canção

Que o povo ainda caçua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

O povo todo cantou

Acompanhou sorridente

Eu estava ali oxente

A gente participou

Todo mundo adorou

O JUMENTO É NOSSO IRMÃO

Cantando essa canção

Pra que o povo usufrua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

Lembro que Lula ao cantar

A turma se alvoroçou

Todo mundo se agitou

Tanta gente a dançar 

Muita gente a gritar

Naquela ocasião

O pop estar do sertão

Parece que flutua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

Estava ali esse cantor

Famoso e despojado

Por todos admirado

Cantador e tocador

Eu um admirador

Vi seu gesto de paixão

Tive essa conclusão

E talvez você conclua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

O cantor era famoso

No mundo era sucesso

Inda hoje me interesso

Por seu canto majestoso

O Rei do Baião pomposo

Glorioso em ascensão

Que reina entre o povão

Que inda hoje o cultua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

Foi de baixo de uma mangueira

Em um caminhão parado

Gonzagão deu seu recado

Com a sanfona gemedeira

Eu passei a tarde inteira

Nessa aglomeração

Cantando toda canção

Tantas mais o Rei possua.

Certa vez vi mestre Lua

Canta sobre um caminhão.

 

Tinha gente ali trepando

Nos galhos da tal mangueira

Gente que veio da feira

Muita gente ali passando 

E todos iam ficando 

Essa grande multidão

Era um grande encontrão

O termo usado atenua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

Gonzaga ali sorteou

Alguns lotes de terrenos

Lembro uns dez mais ou menos

Que o Rei do Baião doou

Foi assim que ele chamou

Pra fazer a doação

Seguindo seu coração

Assim ele efetua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

Quanto terreno doou

Ali nos dedo eu contava

Gonzaga ali sorteava

Vários lotes entregou

Os critérios que criou

Parece ter decisão

O social em ação

Que a gente assim evolua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

Deu terreno pra mulher

Chamando a mais idosa

Deu também pra mais charmosa

Pra o idoso Seu Zé

Vi tanta gente com fé 

Fazendo até oração 

Pra o santo Gonzagão 

Outra doação conclua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

Nesse dia o cantor

Cantou e foi genial

Fez a obra social

Pensou no trabalhador

Fez bem sendo doador

Trouxe-me a reflexão

Ele tem bom coração

Nessas horas ele atua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

É testemunha a mangueira

Uma arvore frondosa

Uma sombra grandiosa

Que essa gente festeira

Ficou a tarde inteira

Espiando Gonzagão

Cantando toda canção

E dali ninguém recua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

O momento foi demais

Eu diria foi irado

Ter visto meu rei cantado

Eu não esqueço jamais

Nem sei se foi pra os jornais

Não li na ocasião

Mas vi que foi um festão

Cantei a música sua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

Gonzaga era adorado

Do sertão ao litoral 

Não havia outro igual

Tantas rádios o tocando

Foi bom ouvi-lo cantando

Pra mim foi grande emoção

Eu te digo meu irmão

Pra que você usufrua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

Gonzaga chapéu de couro

Ícone do nordestino

Nesse cordel que assino

Digo que ele vale ouro

Sua vida é um tesouro

Representa meu torrão

Toda minha região

Quer no palco quer na rua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

Tal como um passarinho

A sombra do arvoredo

No cenário desse enredo 

Lembro com tanto carinho

E divido um pouquinho

O canto do azulão

Cada ave do sertão

No canto o perpetua.

Certa vez vi mestre Lua

Cantar sobre um caminhão.

 

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