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Romeiros do Padre Cícero
Coluna do Cordel
Publicado em 20/09/2018

Autor: Ivaldo Batista

Chega cedo a Juazeiro 

Nas terras do Ceará 

No sertão do Cariri Pra os íntimos é Juá Sua 

vinda é promessa Ele vem sempre pagar

 

Pra ele então viajar

Cedinho lavou a cara

Correu, pulou deu um salto

Subiu no pau-de-arara

Mesmo sendo essa cena

Cada vez mais coisa rara

 

Às vezes nem se compara 

Outrora num caminhão 

Hoje romeiro contrata 

Viaja até de excursão 

Ônibus sofisticado

De Van e até de avião

 

O Padre Cíço Romão

Do Juazeiro do Norte

Tem uma grande estrutura

Evento de grande porte

Que recebe o sertanejo

Homem piedoso e forte

 

Talvez isso seja sorte

Mas da morte escapou

Garante que sua fé

No Padre Ciço o salvou

E então agradecido

Eternamente ficou

 

Ou da doença o curou

Quem sabe por piedade

O romeiro sempre grato

Jamais é por vaidade

Que todo ano viaja

Em sua simplicidade

 

Com sua felicidade

Ele vai participando

Na procissão do chapéu

O bendito vai cantando

E na Igreja das Dores

Ta de joelho orando

 

Ele está sempre adorando 

O santo do juazeiro

Mês de setembro ou dezembro 

Voltando lá em janeiro

Mas seu desejo é ficar 

Por lá o ano inteiro

 

 

Juntou num porco o dinheiro 

Tudo que pode guardar

No rancho de seu Zé Bento

Pretende se hospedar

Lá tem pra mais de cem redes 

Pra ele se balançar

 

Na casa de Alencar 

Vai fazer as refeições 

Café, almoço e jantar 

Lá tem várias opções 

Onde doutor ou peão 

Escolhe suas poções

 

As fortes convicções

De quem mora no Nordeste 

Resiste aos preconceitos 

Por que é cabra da peste 

Não liga pro preconceito 

Nem nada que o manifeste

 

O sertão todo se veste 

Com a couraça da fé Vem romeiro a Juazeiro 

Pagando promessa a pé 

Na estrada aventurando 

Seja o que Deus quiser

 

Vem Xico, Biu e Abé

Tomé, Mané, Bastião

Vem Maria Izabel

Tonho, Tonha e Conceição

Nazaré, Ceça e Carminha

Pedro, Paulo e João

 

Cumprir a programação

Religiosa é vida

Ensinamento de honra

De Juazeiro querida

Ele sonha que não vai

Fazer sua despedida

 

A cidade invadida

Às vezes causa espanto 

Os fies ali no Horto 

Veneram o Padre Santo 

Escuto suas cantigas

As letras e todo seu canto

 

Às vezes vivendo um pranto 

Mas ali tem alegria

O sofrer que marca a vida 

Em todo o seu dia-a-dia 

Acaba no Juazeiro 

Toda sua agonia

 

Lá nada tem carestia

De tudo ele vai levar

Alho, rede e santinho

Tudo ele vai comprar

O preço é bem baratinho 

Nem precisa pechinchar

 

Um presente ele vai dar

Para quem não pode vir

Todos fazem um esforço

Para todo ano ir

Às vezes na hora aghá 

Algo não deixa seguir

 

Se Deus assim permitir

Em outra oportunidade

O romeiro já trabalha

Com a possibilidade

Ele vai ter outra chance

De visitar a cidade

 

Em Juá tem amizade

Amigos e até amores

Além de sua beleza

Das árvores e suas flores

Tem festa e proteção

Na procissão de Das Dores

 

Para empreendedores

Turismo religioso

Mas o homem de chapéu

Um devoto piedoso

Que respeita o ser divino

Esse ser tão grandioso

 

O cristão é cuidadoso

E tão cheio de temor

Coisas sobrenaturais

Em tudo é respeitador

Objetos têm valia

Ele é tão zelador

 

Refere-se ao criador

Como Deus onipotente

E na sua vida encontra

O tempo todo presente

E por que sabe de tudo

O chama onisciente

 

Assim todo ser vivente

Deve reverenciar

Inventar seu próprio jeito

De Deus se aproximar

Pois todo o ser que vive

Deve a Deus adorar

 

Quem nunca foi a Juá

Encontre outra opção

O viver religioso

Além da contemplação

Sugere muito trabalho

De ação e oração

 

Decida essa questão

Não fique aí parado

Em casa ou na estrada

Fique assim ajoelhado

Por que Deus ama aos humildes 

E os tem abençoado

 

Os devotos têm cantado 

Ao santo do Juazeiro 

Em Barbalha ou no Crato 

Dar pra ouvir os romeiros 

Que ocupam a cidade 

E o clima fica festeiro

 

Eu fui no mês de janeiro

E vi a recepção

Do centro religioso

Plantado nesse sertão

A devoção toma conta

De toda população

 

É vista na região 

Tudo que esta cidade 

Conseguiu se transformar 

Nessa religiosidade

E na peregrinação

De gente de toda idade

 

Com toda felicidade

Eu pude aqui declamar

As festas e os festejos

Do romeiro no lugar

Padre Ciço abençoa

Até quem foi visitar

 

Decidi aqui contar

Nos versos desse cordel 

Afinal foi o que eu vi

Um homem com seu chapéu

Numa paisagem tão linda

Estava aberto o céu

 

Um homem assim fiel

É por Deus abençoado 

Foi pagar sua promessa 

Olhe ele ajoelhado 

Perto dele o Padre Ciço 

Pra o qual ele tem rezado.

 

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