DOMINGUINHOS - O humilde mestre da sanfona
Autor: IVALDO BATISTA
Peço atenção de todos
Para dar esse recado
Vou falar de Dominguinhos
Esse ser iluminado
Cuja vida e talento
Muito tem nos alegrado.
O sucesso alcançado
É fruto da persistência
Desde que era pinguin
Tocava com competência
No Nordeste até hoje
Da cultura é referência.
Mostrou toda resistência
De um bravo sertanejo
Quem me levará sou eu
Saudade do meu desejo
A vida de um viajante
Traduzindo foi andejo.
Aproveito esse ensejo
Para agora lhe contar
Sua vida e sua obra
Tão bela de admirar
Nos versos desse cordel
Eu pretendo lhe contar.
Apenas pra recordar
Início de sua história
Bem pequeno o menino
Que marcante trajetória
Mostrava que sua sina
Era alcançar a glória.
Essa história é notória
Lá na cidade brejeira
O grupo dos três pinguins
Nenem tocava na feira
Ou na porta do hotel
Na Suíça brasileira.
Mestre Orlando Silveira
Muito influenciou
Mas Gonzaga foi padrinho
Ninguém nunca contestou
Foi herdeiro musical
Gonzagão o consagrou.
Gonzaga o convidou
Pra ele ir lá pro Rio
Tinha apenas oito anos
Isso era um desafio
E quatro anos depois
Foi que o trato se cumpriu.
Foi assim que se uniu
Dominguinhos a Gonzagão
Nas estradas do país
Tocaram junto o baião
Encantaram tanta gente
Com as coisas do sertão.
Digo com convicção
Entre os cidadãos comuns
Conheci tantos artistas
Sanfoneiros só alguns
Mas tocar com maestria
Só esse de Garanhuns.
Privilégio para uns
Que demonstram ser capaz
Com a força e a vontade
Que não desiste jamais
Que dedica muito tempo
Naquilo que lhe apraz.
José Domingos Morais
Nasceu no interior
Veio lá de Garanhuns
Esse exímio cantador
Que além de instrumentista
Era bom compositor.
Foi um grande cantador
Conhecido sanfoneiro
Nascido em Quarenta e um (1941)
Em 12 de fevereiro
Lá na cidade das flores
Veio esse brasileiro.
Gonzaga foi o primeiro
Que lhe estendeu a mão
Seu sotaque inovador
Na sanfona deu lição
Seu estilo diferente
Foi sua consagração.
Cantou pra toda nação
Por esse imenso Brasil
Parceiros como Gal Costa
Caetano e Gilberto Gil
Fagner e Flávio José
O mundo todo aplaudiu.
Com ele também subiu
Ivan Ferraz já gravou
Betânia, Jorge de Altinho
Toquinho participou
O Geraldo de Azevedo
A Elba interpretou.
Nando Cordel já cantou
Participação ao lado
E dezenas de artistas
os novos e os consagrados
Já gravaram Dominguinhos
Um artista respeitado.
Dominguinhos é agraciado
Por seu canto regional
Toca encanta todo mundo
Não existe outro igual
Pelo seu amor a terra
Seu canto é universal.
Seu estilo musical
Foi bastante premiado
Prêmio Shell e prêmio Tim
Tantos outros lhe foi dado
Recebeu Gramm Latino
É talento consagrado.
Orgulho do meu Estado
Eu sou do leão do Norte
Lá da cidade serrana
Dominguinhos é um forte
Toca sempre nossas vidas
Apesar de tua morte.
Tivemos a grande sorte
D´ele nos representar
Somos essa identidade
Que o país pode mostrar
Aqui dentro ou lá fora
Irá nos representar.
Pra sempre vamos lembrar
Que o mundo aplaudiu
O forró urbanizado
Que o jovem acudiu
Viva o mestre Dominguinhos
Que muito contribuiu.
Por tudo que você viu
Nossa vida foi marcada
Dominguinhos foi exemplo
Nessa sua caminhada
Foi modelo para tantos
Veja a sua jornada.
A lição que nos foi dada
Está repleta de bondade
Dominguinhos foi humano
Em sua simplicidade
Quem conviveu com o mestre
Bebeu dessa humildade.
Tempo de festividade
Garanhuns em alto astral
A notícia chega logo
Gera comoção geral
Dominguinhos está nos braços
Do papai celestial.
Foi um cara genial
José Domingos Morais
Pela terra passeando
Cantando levando paz
Inspirando seus amigos
Pra mim ele foi demais.
Demonstrou como se faz
E o mundo todo escutou
Foram 72 anos
Que na terra habitou
Agora toca nos céus
Por que Deus o convocou.
A sanfona que calou
Parou sim foi por respeito
Afinal tantas andanças
Esses laços tão estreitos
Que deixava o seu público
Alegre e satisfeito.
O Nordeste tem no peito
Esse filho tão querido
Que venceu tudo na vida
Dominguinhos é aguerrido
Pelo fim de sua vida
O povo está comovido.
O mundo está ferido
Partido seu coração
Às dezoito horas ouvi
Falar na televisão
Dominguinhos foi embora
No céu tem recepção.
Com Forró, Xote e Baião
Até Choro é alegria
O Jazz e a Bossa Nova
Já fizeram parceria
Dominguinhos tem contrato
Pra tocar todos os dias.
Incompleta biografia
Quem sabe não fui capaz
Desconheço partituras
E as notas musicais
Perdoe- me meu santo amigo
José Domingos de Morais.
O escritor e cordelista Ivaldo Batista, natural de Carpina, Pernambuco, acaba de lançar, através da Editora Coqueiro, um dos primeiros folhetos de cordel dedicado à memoria do cantor, compositor e sanfoneiro Dominguinhos. Ivaldo é formado em História pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). bacharel em Teologia pelo STBNB e pós-graduado em História de Pernambuco.