Autor: IVALDO BATISTA
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Hoje acordei pensando
Chorei por ser saudosista
Quem sabe por ser poeta
Tipo memorialista
Agora quero contar
Pra todo leitor lembrar
Um grande mestre sambista.
Eu sou Ivaldo Batista
Vejo a cultura de luto
Defendo nossas raízes
Nossa arte, nosso fruto
Pra isto quero “Os salves!”
Ao grande ATAULFO ALVES
Vou prestar este tributo.
Daqui sai resoluto
E fui até MIRAÍ
Nessa cidade mineira
Pequenina que eu vi
Este baú ou tesouro
O lugar nos deu um ouro
Ataulfo é daqui.
Enquanto garoto ouvi
Ainda tenho lembrança
Nosso gênio ATAULFO
Quem ouve nunca se cansa
É NA CADÊNCIA DO SAMBA
MIRAÍ, CORDA e CAÇAMBA
Os MEUS TEMPOS DE CRIANÇA.
Nesta fase a vida é mansa
POIS É, eu achei doçura
AI QUE SAUDADE DA AMÉLIA
E da LARANJA MADURA
Eu SEI QUE É COVARDIA
LEVA MEU SAMBA pedia
É uma poesia pura.
Veja só quanta candura
Em VIDA DA MINHA VIDA
ATIRE A PRIMEIRA PEDRA
Todos têm esta ferida
VOCÊ PASSA EU ACHO GRAÇA
O cordel está na praça
Pra minha gente querida.
Foi só uma resumida
De canções que nos marcaram
Cantadas por Ataulfo
E tantos já regravaram
O povo deste Brasil
Cantou e deu nota mil
E de saudade choraram.
Aos cantores que cantaram
E já fizeram sucesso
Com as composições deste
Levante a mão eu peço
Enquanto aqui aguardo
Eu lembro CARLOS GALHARDO
Melhor cantor eu confesso.
As palavras aqui eu meço
Para você entender
Foi no dia dois de maio (02.05)
Que Mirai viu nascer
Mil novecentos e nove (1909)
O Ataulfo resolve
No mundo aparecer.
Foi difícil pra valer
A vida desse mineiro
Vida de criança pobre
Era mais um brasileiro
De uma família gigante
Mas este será brilhante
Pois tem sina guerreiro.
O seu pai foi violeiro
Repentista e cantor
O SEVERINO DE SOUZA
Foi seu pai, seu genitor
Que além de sanfoneiro
Deixou esses sete herdeiros
Era um agricultor.
Conhecendo dei valor
A esta mulher forte
É MATILDE DE JESUS
A sua mãe foi suporte
Pra conseguir alimento
Em um difícil momento
Resultante dessa morte.
Essa mãe virou o “norte”
E assim aconteceu
Seu Severino de Souza
Precocemente morreu
ATAULFO aos dez anos
Ele e os sete manos
Choraram por que doeu.
Nesse mundo de meu Deus
Ataulfo trabalhou
E no sustento da casa
Esse garoto ajudou
Foi moleque de recado
E trabalhou em roçado
Como engraxate atuou.
A vida boa acabou
Quando ele respondia
Aos improvisos do pai
Por aí na cantoria
Desde os seus oito anos
O garoto fez uns planos
Agora adiaria.
Ataulfo estudaria
Em um grupo escolar
DOUTOR JUSTINO PEREIRA
Ai pode estudar
Foi neste Justino
Que Ataulfo menino
Começou logo a sonhar.
Chamado pra trabalhar
Ele viajou pra o Rio
Tinha já dezoito anos
E um novo desafio
Doutor Afrânio Resende
O jovem rapaz entende
A tal coragem aprecio.
Nesta parte abrevio
Trabalhou num consultório
Depois foi para farmácia
E área de laboratório
Morou em RIO COMPRIDO
Fez o que era exigido
Mas tudo era simplório.
Eu deixo isso notório
Que enquanto trabalhou
De umas rodas de samba
O jovem participou
Foi aprender violão
O samba trouxe a paixão
Ele se apaixonou.
Olha como começou
Sua vida conjugal
No ano de vinte e oito (1928)
Teve cerimonial
Com JUDITE se casou
Uma família formou
Segundo a lei divinal.
Ataulfo triunfal
No trabalho promovido
Tinha dezenove anos
E o seu sonho atendido
Nasceu sua filha ADÉLIA
Mas que SAUDADE de AMÉLIA
Canta com gosto o marido.
Num conjunto envolvido
Cantando nas regiões
Foi diretor de harmonia
Fez até composições
Iniciava a carreira
Na música brasileira
Chegou um dos campeões.
Recebeu as atenções
Do EVANS americano
Lá na RCA Victor
Quem gravou foi FLORIANO
Gravado em primeira mão
SAUDADE DO BARRACÃO
Trinta e cinco era o ano (1935).
Outra canção sem engano
MENINA QUE PINTA O SETE
Depois foi SAUDADE DELA
Pena que não tinha net
Mas hoje pra escutar
Mande o Google procurar
Que a pesquisa promete.
Eu era só um pivete
Quando ATAULFO morreu
No ano sessenta e nove
Esse mestre faleceu
Dia vinte de abril (20.04)
Chorou por ele o Brasil
E o samba se abateu.
O mundo o conheceu
Quando Humberto Teixeira
Fez a sua Caravana
Levou pra terra estrangeira
Ataulfo estava nela
Mostrou a música bela
A música brasileira.
Sua volta foi ligeira
Voltou ao exterior
No ano sessenta e nove (1969)
Foi mostrar o seu valor
Em DAKAR no Senegal
Evento internacional
Estava o nosso cantor.
Ao todo pode compor
Mais de trezentas canções
Nossa CLARA NUNES fez
Belas interpretações
O grande Quarteto em CY
Do Oiapoque ao Chuí
Temos muitas gravações.
Hoje as recordações
Fazem dele imortal
As lembranças de Ataulfo
Em sua terra natal
Tem espaço garantido
Pra ser visto e curtido
Num lindo memorial.
O poder municipal
Preserva a identidade
Desse seu filho ilustre
Grande personalidade
Entre objetos as fotos
Desde os tempos remotos
Pra devotos na cidade.
Essa grandiosidade
E o talento que eu Vi
Do mineiro Ataulfo
Alves que eu escrevi
Eu nasci lá em Carpina
Mas MIRAÍ pequenina
Eu vim aprender de ti.