Autor: IVALDO BATISTA
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Caro leitor ou leitora
Desculpem se eu chorar
Meus olhos encheram d’água
Quando comecei narrar
Fiz estes versos chorando
Enquanto estou contando
Posso não me segurar.
Nem “O Conceito de Angústia”
Do tal Soren Kierkegaard
Poderia revelar
O quanto meu peito arde
Lembrando a mãe no momento
Doando o seu rebento
Eu vou contar me aguarde.
Essa história é pra filme
Um musical de emoção
Este folheto sugere
Que haja uma produção
Um texto documental
Uma peça teatral
Que traga reflexão.
Assim começou a saga
Jovem lá do interior
Chegando à capital
Mulher cumprindo o labor
Sonha ser independente
Quem sabe foi inocente
Nas armadilhas do amor.
Foi assim que esta flor
Engravidou e pariu
Sem melhor alternativa
Ou sem saída se viu
O homem sendo casado
Sabendo o resultado
Pegou o beco e sumiu.
Que conselho se daria
Olhando a situação
Essa mãe se viu sozinha
Carente sem solução
Sem o apoio dos pais
Sem poder voltar atrás
Enfrentando a solidão.
Abandonada à sorte
Reflita seu desespero
Jovem inexperiente
Em um mundo traiçoeiro
Amor a gente não mede
Eu lembro aqui Joquebede
Mãe de Moisés em ação.
As linhas podem ser tortas
Mas Deus sempre escreve certo
Determina o destino
E acompanha de perto
Assim estou acreditando
Que teu destino Fernando
Deus estava de olho aberto.
De tal mulher nem sei nome
Mas sei que é paraibana
E no seu procedimento
A condução soberana
Julgar nem sempre tem regras
Por favor, não joguem pedras
É falha a mente humana.
A mãe botou a criança
Com pouco tempo de vida
Tentou dar-lhe melhor sorte
A vida recém nascida
Num gesto de doação
Na caixa de papelão
Foi esta oferecida.
Tantas vezes foi entregue
Levada e devolvida
Pobre, doente ou feia
Precisava de guarida
Em fim um casal pegou
Levou pra casa e adotou
Foi Deus cuidando da vida.
A doação ocorreu
Na Praça de João Pessoa
Esta doação é prova
Que ainda há gente boa
O mundo não está perdido
Pode e será redimido
Um gesto deste ecoa.
Nasceu no ano sessenta (1960)
Em nove de fevereiro
Este menino adotado
Nordestino brasileiro
Ganhou amor e carinho
E Seu EDSON MARINHO
Virou seu pai verdadeiro.
A mãe MARIA LUÍZA
Assumiu esta missão
Não foi de suas entranhas
Mas prova a certidão
O filho está registrado
Assim está comprovado
Não é só de criação.
De fato é pessoense
Mas o menino é levado
Lá para PEDRA DE FOGO
E ali foi registrado
Assim o seu nascimento
Reza o seu documento
É assunto consumado.
Esse bebê felizardo
Chamado JOSÉ FERNANDO
SANTOS DE SOUZA cresceu
E Deus foi abençoando
Logo lembro a profecia
Dita pela sábia um dia
Tudo foi se confirmando.
Assim Fernando vivia
Crescia e foi estudar
Aprendeu já desde cedo
Passou a valorizar
Ele estudou pra valer
Estudar em seu dizer
Faz a gente prosperar.
Na idade escolar
Aos nove anos de idade
Voltando pra capital
Ele estudou na cidade
Na área de Jaguaribe
É assim que Deus exibe
O seu poder e bondade.
Fernando faz o primário
Estuda e se compromete
É na escola privada
SANTA MARIA GORETTI
Depois em outro local
Conclui o fundamental
Conferi na internet.
Ainda em João Pessoa
Foi no AFONSO PEREIRA
Conhecido Instituto
Paraibano é trincheira
Não sei se foi bom ou mau
Conclui o primeiro grau
Venceu mais esta barreira.
Quando estudante garante
Na vida ele sabia
Cultivar as amizades
Criterioso escolhia
Só com alguns se juntava
Aquele que estudava
Era a boa companhia.
O chamado ensino médio
Antes o segundo grau
O Fernando encarou
Galgando mais um degrau
Foi lá na ACADEMIA
Do COMÉRCIO que iria
Prosseguir com sua nau.
A vida era difícil
Com muita dificuldade
Seus pais lhe deram o estudo
Assim a oportunidade
Proteção familiar
Escola particular
E depois a Faculdade.
Foi pra Universidade
Por seis anos estudou
Foi tanta dificuldade
Que Fernando enfrentou
Mas formou-se em Direito
Fez este curso bem-feito
Na vida se encaminhou.
Foi a noiva quem mandou
Indicou, ele seguiu
Este curso de Direito
Foi ela quem sugeriu
Tendo um ano cursado
Fernando foi amarrado
A ela ele se uniu.
Dia 31 de julho
De Oitenta e dois casou
Tinha vinte e dois anos
Quando Deus pai o juntou
Dona Lurdes ou Lurdinha
Tornou-se sua Rainha
E o céu abençoou.
Essa família cresceu
Tornou-se pai de três filhos
ARIELE e ANDRÉIA
ALLYSON todos com brilhos
Orgulhosos de seu pai
Cada filho assim vai
Seguindo certos nos trilhos.
José Fernando é avô
Tem seis netos o juiz
ISABELA e FERNANDA
CECÍLIA é canto raiz
Tem RAFAEL e NATÃ
E do BERNARDO é fã
Diz ser um homem feliz.
Lembro aqui todo o esforço
Quando ele estudava
Ralou muito reconheço
O muito que se esforçava
Lembro o hotel TAMBAÚ
Disse-me em Caruaru
Que no inglês abafava.
Já encarou o desemprego
Quando muito precisava
Na Faculdade de Direito
Enquanto ele estudava
Teve um período perdido
Mais um semestre estendido
Por fim ele terminava.
Devia ter se formado
No ano oitenta e seis (1986)
E dadas dificuldades
Eu garanto pra vocês
Formou-se oitenta e sete (1987)
Hoje o ÔMI é manchete
Exemplo de honradez.
Lembra seu pai militar
Sua mãe dona de casa
Educado com rigor
Pode sonhar criar asa
Esse garoto alado
Formou-se está graduado
Nessa conquista arrasa.
No julgamento humano
Beethoven não nasceria
A mãe do juiz Fernando
Por certo abortaria
Cuidado com teu conselho
Se for meter o bedelho
Peça a Deus sabedoria.
É falho o pensar humano
Veja o fato narrado
Quem sabe o caro leitor
Teria aconselhado
O aborto do infeliz
Ouve só o que Deus diz
Fiz dele um juiz amado.
É só Deus que faz brotar
Dos galhos secos a flor
A sua misericórdia
Escuta longe o clamor
E onde não se espera
O poder de Deus impera
O milagre salvador.
É de lá da Paraíba
Que trago esta lição
Um exemplo grandioso
De fé e superação
É Javé realizando
O seu poder revelando
Confundindo a razão.
Fernando por oito anos
Atuou advogando
Pelejou em seus estudos
E acabou conquistando
É nordestino raiz
Por mérito é juiz
Na função vem labutando.
Já trabalhou na Fazenda
E lá no TRT
Hoje em dezesseis Comarcas
Adora poder fazer
Atua nas doações
Responsável por ações
Enorme é seu prazer.
Quarenta e dois municípios
Estão sob sua alçada
Ele decide as ações
E medidas aplicadas
Tem poder de decidir
Quanto ao jovem cumprir
Por infrações praticadas.
Prestes a se aposentar
Nutre mais um ideal
Vai dedicar algum tempo
Ao trabalho social
Ajudar nossos idosos
Homens assim generosos
Tem base celestial.
Sobre as suas origens
Aos seis anos descobriu
Foi JOÃO DOS PASSARINHOS
Quando seu bico abriu
Contando para criança
Ferindo-lhe a confiança
Mas seu mundo não caiu.
Correndo foi para casa
Pra mamãe foi perguntar
Sobre a verdade dos fatos
Que vieram lhe contar
LUIZA assim respondia
Disse-lhe: Mãe é quem cria
Se chorar vai apanhar.
Já já eu vou terminar
De contar esta história
O juiz Fernando sabe
E tem tudo na memória
Desde que ficou sabendo
Por isso você tá lendo
Toda sua trajetória.
Sobre a mãe biológica
Falou seu ponto de vista
Disse que sua atitude
Foi nobre e altruísta
Dadas as suas condições
No leque das opções
Ela foi bem realista.
SILVA do posto e Xande
E DEILSON seu vizinho
Seu JORGE vereador
Brindemos tomando um vinho
FERNANDO é um abrigo
De vocês ele é amigo
Jamais se sente sozinho.
Fiquei ancho por contar
A história do juiz
Quem advogou seu caso
Cumpriu só o que Deus quis
Seu destino foi pautado
Transitado em julgado
Os anjos têm a matriz.
Foi profeta a benzedeira
Da antiga vizinhança
Que benzendo este infante
Registro aqui pra lembrança
“UM DIA VAMOS MARCAR
AUDIÊNCIA PRA FALAR”
Disse sobre a criança.
O bebê que foi doado
Na caixa de papelão
Pra mim foi lição de Deus
Outorgando lhe a missão
Hoje o juiz nos diz
Realizado e feliz
Cuidando de adoção.
O juiz FERNANDO tem
Uma conduta ilibada
Caráter irreprochável
A esta pessoa honrada
Belo Jardim determina
Caruaru e Agrestina
Cidadania foi dada.
Pra fazer este cordel
Recebi como missão
Do céu veio a sentença
De Deus a imposição
Que me deu o dom divino
E usou JORGE QUINTINO
Pra fazer a intimação.
Meu caro juiz FERNANDO
Feito um “DAVI” tenha fé
Contra o mundo “GOLIAS”
Javé quer você de pé
Deus te entrega uma faixa
Lembra-te daquela caixa...
Usei aquela mulher.