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JUIZ FERNANDO – Presente dado por Deus, Enviado numa caixa.
Coluna do Cordel
Publicado em 30/08/2022

Autor: IVALDO BATISTA

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Caro leitor ou leitora

Desculpem se eu chorar

Meus olhos encheram d’água

Quando comecei narrar

Fiz estes versos chorando

Enquanto estou contando

Posso não me segurar.

 

Nem “O Conceito de Angústia”

Do tal Soren Kierkegaard

Poderia revelar

O quanto meu peito arde

Lembrando a mãe no momento

Doando o seu rebento

Eu vou contar me aguarde. 

 

Essa história é pra filme

Um musical de emoção

Este folheto sugere

Que haja uma produção

Um texto documental

Uma peça teatral

Que traga reflexão. 

 

Assim começou a saga

Jovem lá do interior

Chegando à capital

Mulher cumprindo o labor

Sonha ser independente

Quem sabe foi inocente

Nas armadilhas do amor.

 

Foi assim que esta flor

Engravidou e pariu

Sem melhor alternativa

Ou sem saída se viu

O homem sendo casado

Sabendo o resultado

Pegou o beco e sumiu.

 

Que conselho se daria

Olhando a situação

Essa mãe se viu sozinha

Carente sem solução

Sem o apoio dos pais

Sem poder voltar atrás

Enfrentando a solidão.

 

Abandonada à sorte

Reflita seu desespero

Jovem inexperiente

Em um mundo traiçoeiro

Amor a gente não mede

Eu lembro aqui Joquebede

Mãe de Moisés em ação.

 

As linhas podem ser tortas

Mas Deus sempre escreve certo

Determina o destino

E acompanha de perto

Assim estou acreditando

Que teu destino Fernando

Deus estava de olho aberto.

 

De tal mulher nem sei nome

Mas sei que é paraibana

E no seu procedimento

A condução soberana

Julgar nem sempre tem regras

Por favor, não joguem pedras

É falha a mente humana.

 

A mãe botou a criança

Com pouco tempo de vida

Tentou dar-lhe melhor sorte

A vida recém nascida

Num gesto de doação

Na caixa de papelão

Foi esta oferecida.

 

Tantas vezes foi entregue 

Levada e devolvida

Pobre, doente ou feia

Precisava de guarida

Em fim um casal pegou

Levou pra casa e adotou

Foi Deus cuidando da vida.

 

A doação ocorreu

Na Praça de João Pessoa

Esta doação é prova

Que ainda há gente boa

O mundo não está perdido

Pode e será redimido

Um gesto deste ecoa. 

 

Nasceu no ano sessenta (1960)

Em nove de fevereiro

Este menino adotado

Nordestino brasileiro

Ganhou amor e carinho

E Seu EDSON MARINHO

Virou seu pai verdadeiro.

 

A mãe MARIA LUÍZA

Assumiu esta missão

Não foi de suas entranhas

Mas prova a certidão

O filho está registrado

Assim está comprovado

Não é só de criação.

 

De fato é pessoense

Mas o menino é levado

Lá para PEDRA DE FOGO

E ali foi registrado

Assim o seu nascimento

Reza o seu documento

É assunto consumado.

 

Esse bebê felizardo

Chamado JOSÉ FERNANDO

SANTOS DE SOUZA cresceu

E Deus foi abençoando

Logo lembro a profecia

Dita pela sábia um dia

Tudo foi se confirmando.

 

Assim Fernando vivia

Crescia e foi estudar

Aprendeu já desde cedo

Passou a valorizar

Ele estudou pra valer

Estudar em seu dizer

Faz a gente prosperar.

 

Na idade escolar

Aos nove anos de idade

Voltando pra capital

Ele estudou na cidade

Na área de Jaguaribe

É assim que Deus exibe

O seu poder e bondade.

 

Fernando faz o primário

Estuda e se compromete

É na escola privada

SANTA MARIA GORETTI

Depois em outro local 

Conclui o fundamental

Conferi na internet.

 

Ainda em João Pessoa

Foi no AFONSO PEREIRA

Conhecido Instituto

Paraibano é trincheira

Não sei se foi bom ou mau

Conclui o primeiro grau

Venceu mais esta barreira.

Quando estudante garante

Na vida ele sabia

Cultivar as amizades 

Criterioso escolhia

Só com alguns se juntava

Aquele que estudava

Era a boa companhia.

 

O chamado ensino médio

Antes o segundo grau

O Fernando encarou

Galgando mais um degrau

Foi lá na ACADEMIA

Do COMÉRCIO que iria

Prosseguir com sua nau.

 

A vida era difícil

Com muita dificuldade

Seus pais lhe deram o estudo

Assim a oportunidade

Proteção familiar

Escola particular

E depois a Faculdade.

 

Foi pra Universidade

Por seis anos estudou

Foi tanta dificuldade

Que Fernando enfrentou

Mas formou-se em Direito

Fez este curso bem-feito

Na vida se encaminhou.

 

Foi a noiva quem mandou

Indicou, ele seguiu 

Este curso de Direito

Foi ela quem sugeriu

Tendo um ano cursado

Fernando foi amarrado

A ela ele se uniu.

 

Dia 31 de julho

De Oitenta e dois casou

Tinha vinte e dois anos

Quando Deus pai o juntou

Dona Lurdes ou Lurdinha

Tornou-se sua Rainha

E o céu abençoou.

 

Essa família cresceu

Tornou-se pai de três filhos

ARIELE e ANDRÉIA

ALLYSON todos com brilhos

Orgulhosos de seu pai

Cada filho assim vai

Seguindo certos nos trilhos.

 

José Fernando é avô

Tem seis netos o juiz

ISABELA e FERNANDA

CECÍLIA é canto raiz

Tem RAFAEL e NATÃ

E do BERNARDO é fã

Diz ser um homem feliz.

 

Lembro aqui todo o esforço

Quando ele estudava

Ralou muito reconheço

O muito que se esforçava

Lembro o hotel TAMBAÚ

Disse-me em Caruaru

Que no inglês abafava.

 

Já encarou o desemprego

Quando muito precisava

Na Faculdade de Direito

Enquanto ele estudava

Teve um período perdido

Mais um semestre estendido

Por fim ele terminava.

 

Devia ter se formado

No ano oitenta e seis (1986)

E dadas dificuldades

Eu garanto pra vocês

Formou-se oitenta e sete (1987)

Hoje o ÔMI é manchete

Exemplo de honradez.

 

Lembra seu pai militar

Sua mãe dona de casa

Educado com rigor

Pode sonhar criar asa

Esse garoto alado

Formou-se está graduado

Nessa conquista arrasa.

 

No julgamento humano

Beethoven não nasceria

A mãe do juiz Fernando

Por certo abortaria

Cuidado com teu conselho

Se for meter o bedelho

Peça a Deus sabedoria.

 

É falho o pensar humano

Veja o fato narrado

Quem sabe o caro leitor

Teria aconselhado

O aborto do infeliz

Ouve só o que Deus diz 

Fiz dele um juiz amado.

 

É só Deus que faz brotar

Dos galhos secos a flor

A sua misericórdia

Escuta longe o clamor

E onde não se espera

O poder de Deus impera

O milagre salvador.

 

É de lá da Paraíba

Que trago esta lição

Um exemplo grandioso

De fé e superação

É Javé realizando

O seu poder revelando

Confundindo a razão.

 

Fernando por oito anos

Atuou advogando

Pelejou em seus estudos

E acabou conquistando

É nordestino raiz

Por mérito é juiz

Na função vem labutando.

 

Já trabalhou na Fazenda

E lá no TRT

Hoje em dezesseis Comarcas

Adora poder fazer

Atua nas doações

Responsável por ações

Enorme é seu prazer.

 

Quarenta e dois municípios

Estão sob sua alçada

Ele decide as ações

E medidas aplicadas

Tem poder de decidir

Quanto ao jovem cumprir

Por infrações praticadas.

 

Prestes a se aposentar

Nutre mais um ideal

Vai dedicar algum tempo

Ao trabalho social

Ajudar nossos idosos

Homens assim generosos

Tem base celestial.

 

Sobre as suas origens

Aos seis anos descobriu

Foi JOÃO DOS PASSARINHOS

Quando seu bico abriu

Contando para criança

Ferindo-lhe a confiança

Mas seu mundo não caiu.

 

Correndo foi para casa

Pra mamãe foi perguntar

Sobre a verdade dos fatos

Que vieram lhe contar 

LUIZA assim respondia

Disse-lhe: Mãe é quem cria

Se chorar vai apanhar.

 

Já já eu vou terminar

De contar esta história

O juiz Fernando sabe

E tem tudo na memória

Desde que ficou sabendo

Por isso você tá lendo

Toda sua trajetória.

 

Sobre a mãe biológica

Falou seu ponto de vista

Disse que sua atitude

Foi nobre e altruísta

Dadas as suas condições

No leque das opções

Ela foi bem realista.

 

SILVA do posto e Xande

E DEILSON seu vizinho

Seu JORGE vereador

Brindemos tomando um vinho

FERNANDO é um abrigo

De vocês ele é amigo

Jamais se sente sozinho.

 

Fiquei ancho por contar

A história do juiz

Quem advogou seu caso

Cumpriu só o que Deus quis

Seu destino foi pautado

Transitado em julgado

Os anjos têm a matriz.

 

Foi profeta a benzedeira

Da antiga vizinhança

Que benzendo este infante

Registro aqui pra lembrança

“UM DIA VAMOS MARCAR

AUDIÊNCIA PRA FALAR”

Disse sobre a criança.

 

O bebê que foi doado

Na caixa de papelão

Pra mim foi lição de Deus

Outorgando lhe a missão

Hoje o juiz nos diz

Realizado e feliz

Cuidando de adoção.

 

O juiz FERNANDO tem 

Uma conduta ilibada

Caráter irreprochável

A esta pessoa honrada

Belo Jardim determina

Caruaru e Agrestina

Cidadania foi dada.

 

Pra fazer este cordel

Recebi como missão

Do céu veio a sentença

De Deus a imposição

Que me deu o dom divino

E usou JORGE QUINTINO

Pra fazer a intimação.

 

Meu caro juiz FERNANDO

Feito um “DAVI” tenha fé

Contra o mundo “GOLIAS”

Javé quer você de pé

Deus te entrega uma faixa

Lembra-te daquela caixa...

Usei aquela mulher.

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