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JORGE AMADO - 110 Anos
14/07/2022 11:46 em Coluna do Cordel

O escritor que autografou a baianidade.

Autor: IVALDO BATISTA

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A você meu caríssimo leitor

Ou leitora amante do cordel

Neste folheto cumpro o meu papel

Nesses versos impressos dei sabor

Salvador bem conhece o valor

Do escritor que com fidelidade

Deu aos seus escritos publicidade

Como quem faz um retrato falado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Jorge Leal Amado de Faria

Gostaria aqui de descrever

Neste texto simples pra o povo ler

Você como retrato da Bahia

Vou desdobrá-lo nesta poesia

Simbologia da brasilidade

Nestes cento e dez anos de idade 

De você o Brasil está lembrado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

No dia dez de agosto nascia

Aquele que seria revelado

O grande romancista JORGE AMADO

Patrimônio do Estado da Bahia

Mil novecentos e doze iria (1912)

Marcar toda a posteridade

Sua vida tem notoriedade 

Pelas suas obras foi revelado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Sua mãe EULÁLIA LEAL AMADO

Seu pai JOÃO AMADO DE FARIA

Além de Jorge, do casal nascia

JOELSON e JOFRE aqui citado

Também JAMES escritor aclamado

Jorge reconheceu essa verdade

Esse seu irmão tinha qualidade

O que ele falou está registrado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Nasceu lá no distrito de Ferradas

Na conhecida cidade ITABUNA

Esta informação se coaduna

Ignore outras que estão erradas

Pra ILHÉUS seguiu pelas estradas

Tinha apenas um ano de idade

A família foi para esta cidade

Pela varíola foi determinado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Em Ilhéus quando era uma criança

Viu neste cenário de cacaueiros

O modo de viver dos fazendeiros

Toda a percepção logo ele alcança

Em suas obras mostra esta lembrança

Quer mudança nesta sociedade

Na narrativa sua finalidade

Seu desejo deixa bem estampado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

De Ilhéus foi morar em Salvador

Foi estudar no Antônio Vieira

Padre Cabral achou uma maneira

De fazer do menino um leitor

E pelos livros nasceu o seu amor

Gostar de ler aprendeu de verdade

Referências assim de qualidade

Também no garoto foi carimbado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

No Ginásio Ipiranga estudou

Nos colégios onde ele aprendeu

Seu lado de escritor apareceu

O jornalzinho “LUNETA” que criou

Vários outros jornais ele fundou

Aos 15 anos mostra habilidade

Foi repórter em jornais da cidade

O “DIARIO” é parte do legado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

No ano trinta e um foi para o RIO

Aprovado foi estudar Direito

O que há na cabeça e no peito

Desse jovem que encara um desafio

Nesse ano recebe elogio

“O PAÍS DO CARNAVAL” na verdade

Sai no mesmo ano da faculdade

O seu primeiro livro publicado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

“CACAU”, “SUOR” e o “JUBIABÁ”

“MAR MORTO” e “CAPITÃES DE AREIA”

E em outras obras Jorge “arrêia” 

A “madeira” e gera um bafafá

Críticas sociais é pra “torá”

É muito forte a criticidade

As injustiças da sociedade

Em cada personagem é estampado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Esses livros mostram o mundo agrário

Em transição pra o industrial

Mostra a vida e o mundo real

Tem o valor de um documentário

Sua obra dispensa comentário

Pra discorrer me falta habilidade

O escritor com singularidade

Deixa tudo bem claro explicado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Em quarenta e cinco foi eleito

Por São Paulo tornou-se deputado

No PCB estava filado

Foi um Federal de alto conceito

Desde trinta e dois até o pleito

Foi um grito contra a desigualdade

PCB foi pra ilegalidade

Em quarenta e oito foi cassado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Quem autografou a baianidade.

Escritor de cunho regionalista

Em Salvador o escritor mostrou

Toda vida urbana retratou

Foi o segundo tempo modernista

Quinze anos Jorge neorealista

Mostrou que havia necessidade

De melhorar nossa sociedade

Em seus livros havia apontado.

Foi o grande escritor Jorge Amado 

Que autografou a baianidade.

 

Em seus livros assim intitulados

“Tenda dos Milagres” e “Jubiabá”

Podem ler que vai encontrar por lá

Muitos fatos neles são relatados

No Candomblé Jorge foi respeitado

Com os Pais de Santo teve amizade

Tinha com eles tanta afinidade

É “OBÁ OTUM AROLU” honrado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Seus escritos de simples contador

De histórias do povo da Bahia

Narrou tudo que ali se percebia

Do cotidiano de São Salvador

Sua obra teve grande valor

Pra Teatro e TV foi novidade

No cinema teve facilidade

Seu trabalho o mais adaptado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Era um homem supersticioso

Em milagres ele acreditava

Adorava o PÔQUER que jogava

Com seu gato sempre tão carinhoso

O jardim de casa tão prazeroso

Traduzia toda tranqüilidade

A sua vida teve qualidade

Sempre foi um homem disciplinado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Por duas vezes ele esteve preso

Quantas vezes ele foi exilado

Seu trabalho lá na praça queimado

Do poder ditador sentiu o peso

Pela repressão eu fico surpreso

Afinal temos plena liberdade

Mas existe responsabilidade

Os governantes sempre têm cobrado.

Foi o grande escritor Jorge Amado 

Que autografou a baianidade.

Em cinquenta e cinco decidiu

Na política assume outra postura

Dedicou-se só a literatura

Da militância ele desistiu

Quem estava neste Brasil sentiu

Escrever virou a prioridade

Dedicou-se a esta atividade

A política passou a ser passado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Na segunda fase vem “GABRIELA”

“Dona FLOR” e “TERESA BATISTA”

Ano cinquenta e cinco, o ex-comunista

“TENDA DOS MILAGRES” já me revela

“TIETA” depois vai virar novela

O escritor virou uma sumidade

Seus trabalhos campeiam a liberdade

Mesmo quando o vi capitulado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Ande na Bahia eu aconselho

Indo de Formosa do Rio Preto

Por qualquer avenida, beco ou gueto

Até SALVADOR, no Rio Vermelho

Vejo o romancista qual espelho

Da área rural até a cidade

Paira esta nuvem de identidade

Seu perfume está impregnado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

No chão de BULE BULE e do Axé

De IVETE e de dona CANÔ

De ARMANDINHO, OSMAR e DODÔ

LUIZ CALDAS, CAETANO e acarajé

No Pelourinho e no candomblé

Na fé GIL transmite a divindade

Em CAYMME percebo a qualidade

Em tudo vejo ele tatuado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Casou com MATILDE GARCIA ROSA

De trinta e três a quarenta e um

Nove anos numa vida comum

Da união, a filha preciosa

EULÁLIA cuja memória é saudosa

Pois morreu por uma fatalidade

Tinha quatorze anos de idade

O seu sonho cedo foi encerrado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Com a Zélia Gattai, Jorge casou

De quarenta e cinco a dois mil e um

Enfrentou nessa vida um zum zum zum

Mais de cinquenta a união durou

Só a morte de Jorge encerrou

Essa relação de cumplicidade

O casal era só felicidade

Com amor tudo era superado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Dessa relação com Zélia Gattai

Nasceram dois filhos de Jorge Amado

Uma quando Jorge estava exilado

Foi PALOMA a tcheca do papai

JOÃO JORGE na trilha do pai vai

Esse casal de filhos na verdade

E os netos dão continuidade

É no avô que têm se espelhado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Ele falou do prazer de viver

Ao dizer que se sentia feliz

É com esta palavra que ele diz

Relatou pra TV o seu prazer

Eu ouvi Jorge Amado dizer

Falando de sua felicidade

Da família como prioridade

Como se sentia realizado.

Foi o grande escritor Jorge amado

Que autografou a baianidade.

 

Seu endereço por quarenta anos

Casa 33 do Rio Vermelho

Já fui lá por isso meto o bedelho

Local tão visitado por baianos

Casa cheia de amigos veteranos

Que visitaram a propriedade

Local que pela singularidade

Era qual paraíso transportado.

Foi o grande escritor Jorge amado

Que autografou a baianidade.

 

Seu acervo virou memorial

Vem recebendo admiradores

Muitos que hoje são freqüentadores

Admiram o intelectual

Jorge Amado o grande imortal

No Pelourinho centro da cidade

Com recursos e acessibilidade

O “mundo” desse autor é visitado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Faleceu no dia seis de agosto

Em Dois mil e um, Salvador Bahia

Morria o escritor que queria

Mostrar a nossa alma e nosso rosto

Em todo seu trabalho vi exposto

Seu Estado, cara e identidade

Reconheço a autenticidade

Foi pra eternidade, eternizado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Jorge foi um exímio jornalista

Oriundo lá do meio rural

Conquistou espaço na capital

Aprovado nos jornais, foi cronista

O País ver este memorialista

Escritor que ganhou eternidade

Dado a sua grandiosidade

Na Academia foi empossado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Ele ocupa a cadeira vinte e três

É um acadêmico de valor

Pra deixar orgulhoso Salvador

Chão que viu a “Revolta dos Malês”

Terra do ritmo ILÊ AYÊ

Curtam com justiça e vaidade

Somos gratos pela celebridade

Que a Bahia nos tem presenteado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Quem leu as obras desse escritor

Já sentiu o cheiro do Abará

Do acarajé e do vatapá

Do óleo de dendê viu o sabor

Viajou no foguete elevador

Lacerda contemplando a cidade

Viu beleza e também desigualdade

Viu a Bahia com todo o gingado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Ele está na ladeira do BONFIM

Vai passeando com Dona LALU

O Trio Nordestino de LINDU

Cantando “Turim, Turim, Turim”

A Bahia tem esse poder sim

De mostrar toda a brasilidade

Na religião nossa irmandade

Onde o nosso escritor foi bem forjado.

Foi o grande escritor Jorge amado

Que autografou a baianidade.

 

Vejo Jorge perto de Iemanjá

Na famosa Baixa do Sapateiro

Na festa da Ribeira e no terreiro

Contra intolerância ele está

Com MÃE MENININHA DO CANTO A

Dizendo Jorge é prioridade

No Brasil tem a exclusividade

Por que ele foi diferenciado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Ele está na Praia de Itapuã

No Farol da Barra e Amaralina

Em Itaparica o povo ensina

Diz que todo o mundo por lá é fã

O escritor é mesmo o BAN BAN BAN 

Que nem tem prazo de validade

Parece até uma divindade

Por todo canto é ovacionado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Jorge Amado está no AFOXÉ

Na Festa da Conceição ele está

Vai carimbado em cada abadá

De ESPLANADA até JEQUIÉ

Atrás do trio elétrico a pé

Acompanhando a festividade

É o totem da criatividade

Que faz Salvador ser compartilhado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

 

Tudo que pesquisei eu temperei

Registrei uma parte da história

Narrei parte de uma trajetória

Contei a todos, parte do que sei

Se na literatura há um rei

A Bahia diz com propriedade

Ele reinou nessa localidade

Se não gostou, não fique amuado.

Foi o grande escritor Jorge Amado

Que autografou a baianidade.

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