Entrevista com o cordelista Ivaldo Batista
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Publicado em 05/12/2016
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Ivaldo Batista Costa é escritor e cordelista. Natural de Carpina, Pernambuco, 12/01/1963. É membro efetivo da União Brasileira de Escritores (UBE); da União Carpinense de Escritores e Artistas (UCEA) e do Instituto Histórico de Jaboatão dos Guararapes.Ivaldo Batista é formado em História pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Bacharel em Teologia pelo STBNB e pós-graduado em História de Pernambuco. O autor tem várias obras publicadas e nelas procura revelar os encantos do Nordeste, entre elas: “Sete dias na capital do forró”, “Recife”, “Carpina”, “Nova Jerusalém”, “A benção meu padim pade Ciço”, “500 anos”. Cordéis: “Vovó Pita tem 100 gatinhos”, “Minha casa é o bicho”, “O Prêmio do jerico de Panelas”, “Serrita”, “Nazaré da Mata”, “A Paz”, “Olinda”, “Dilma”, “Professor”, “A Voz do Planalto”, “Exu”, “Meio Ambiente”, “Paris-França”, “Salgueiro”, “Mestre Vitalino”, “Lampião”, “Novos Gritos no Sertão”, “Drogas”, “Santa Cruz”, “Noé”, “Cida Flor”, “Zé Piranga”, “A Vizinha Encrenqueira”, “Carpina”, “Centenário do Rei do Baião”, “A Pibaja”, “Sport Club do Recife”, “Ivan Ferraz”, “Dançou no São João em Caruaru”, “Serra Talhada”, “Floresta”, “Náutico”, “Bullying”, “Sebá”, “São Lourenço da Mata”, “Antônio Conselheiro”, “Boé”, “Arcoverde”, “Vitória – ES”, “Mossoró bota Lampião pra correr”, “Dominguinhos”, “Ipojuca”, “Roger e o Pato”, “Vinícius”, “Rádio Naza 25 Anos”, “O protesto dos animais”, “José Lins do Rego”, “Seu Lunga”, “Arlindo dos 8 Baixos”, “Porto Alegre”, “Internacional Gaúcho”, “Grêmio”, “Rio de Janeiro”, “Record”, “Cruzeiro”, “Lunga professor”, “Campina Grande”, “Santa Cruz – Centenário”, “Banha de Urubu”, “Mulher”, “CFPJ”, “Ariano”, “Folclore”, “Copa”, “Pr. Natanael”, “Londres”, “Romeiros”, “Salão de beleza”, “Autobiografia”, “Alto do Moura”, “O barbeiro atrapalhado”, “Pelé”, “Azar e sorte”, “Ane e Peteca”, “Eduardo Campos”, “Roberto Carlos”, “Festa de Reis”, “2a. IBA”, “Sílvio Santos”, “Cidade Natal”, “Lula”, “Flávio José” entre outros títulos.
COMO FOI SUA HISTÓRIA COM A LITERATURA DE CORDEL?
Ivaldo Batista: Esse relacionamento é antigo, sempre gostei de brincar naturalmente com as frases rimadas. No dia-a-dia, eu fazia isso espontaneamente, mas eu iniciei minha vida na literatura escrevendo livros sobre a cultura regional e neles eu colocava versos de cordel como ilustração. Foram 6 títulos publicados em 20 anos. Há 6 anos eu resolvi publicar meu primeiro cordel e dai pra frente a produção não parou mais. Todo dia eu escrevo um folheto, mas depois resolvo qual vai ser editado preferencialmente. Os motes surgem com uma facilidade que é difícil descrever.
QUALQUER POETA PODE SER UM CORDELISTA?
Ivaldo Batista: Sim. O difícil é ser poeta. Quando alguém tem essa capacidade de criar a poesia. Ou melhor, quando a poesia já “corre no sangue”... Pra ser cordelista, acho que ele precisa só aprender a técnica. Uns cordelistas, não sei como, mas já nasceram feitos, vieram ao mundo com a poesia na alma e os versos tecnicamente perfeitos. Eles são alvo de estudos em teses de mestrado e doutorado nas universidades.
QUAL O PAPEL DA XILOGRAVURA NA ILUSTRAÇÃO DOS FOLHETOS?
Ivaldo Batista: A xilogravura, ou “xilo” como é conhecida, foi no passado, o tipo de ilustração usada pra os folhetos, isso numa fase já adiantada do cordel. Houve uma fase que o Cordelista reinava com suas informações. Sei de como a xilo chegou pela primeira vez a ser estampada num jornal. Hoje, quem faz a opção pela xilo, apesar dos inúmeros recursos que dispomos, é como forma de resistência cultural, tentando preservar a identidade e originalidade do cordel.
EXISTE UMA MÉTRICA PRÓPRIA NAS RIMAS DO CORDEL?
Ivaldo Batista: Métrica, rima e oração são essenciais ao cordel. Se faltar um deles, compromete a qualidade do trabalho do poeta cordelista. Tem gente que conta nos dedos pra ver se a métrica está correta, e as vezes erra por que existe também algumas peculiaridades. O poeta “Expert” ele faz o verso e sai tudo certinho de primeira.
A SEXTILHA É O FORMATO MAIS POPULAR
Ivaldo Batista: Acredito que sim. Via de regra, todo poeta faz ou já fez essa modalidade. Em geral ensinamos as técnicas de se fazer um cordel nas escolas usando a “sextilha” como base. É um cordel, onde cada estrofe é formada por seis versos, com as rimas postas no segundo, quarto e sexto verso. Cada verso com sete sílabas.
A LITERATURA DE CORDEL É MAIS APRECIADA NO INTERIOR OU TEM ADEPTOS TAMBÉM NAS CIDADES?
Ivaldo Batista: Eu vou expressar minha opinião formada nessas andanças que tenho empreendido. O interior nos Estados do Nordeste, são receptivos. Eles já são predispostos, já mostram um sorriso no rosto só em ouvir a palavra cordel. Na cidade há adeptos e esse número cresce ainda mais. Os nordestinos que migraram pra os grandes centros urbanos, ajudaram a divulgar o cordel nas capitais. No Sudeste. por exemplo os cordelistas que estão radicados no eixo Rio-São Paulo , em geral tem sua origem aqui em cidades nordestinas e por lá cresceram por que tinham e tem um público natural, nossos conterrâneos que “invadiram” essas áreas, e levaram nossa cultura de raiz.
O CUSTO DO PAPEL E DA GRÁFICA TEM IMPACTO NA PRODUÇÃO DO CORDEL?
Ivaldo Batista:Tudo que fazemos tem um custo. No passado, o poeta cordelista que não teve como levar seus folhetos pra gráfica, ficou criando declamando seus versos.. Ainda hoje tem poetas pobres e sem ter domínio de outros recursos. Hoje, com essa gama de recursos tecnológicos e tanta facilidade, há poetas que correram das editoras, e escreve digita e imprime seus folhetos em casa e assim driblam o custo das editoras e das gráficas que precisa encontrar um meio de conquistar o grande número de poetas que vivem independente.
A INTERNET VEIO PARA AJUDAR OU É PREJUDICIAL À LITERATURA DE CORDEL?
Ivaldo Batista: A internet talvez nem tenha julgado a dimensão de sua chegada. Eu particularmente, penso na internet, como um avião supersônico, que atravessa todas as barreiras com uma velocidade impensável. Se antes o cordel precisava chegar às feiras e dependia das pessoas pra transmitirem... Hoje em fração de segundos, o mundo tomando conhecimento do cordel que eu fiz no quintal de minha casa. A ajuda é muito bem vinda. O cordelista agradece.
AO TODO QUANTOS CORDÉIS VOCÊ JÁ ESCREVEU. QUAIS OS TEMAS QUE VOCÊ JÁ DESENVOLVEU?
Ivaldo Batista: O folheto de cordel propriamente dito, em junho do ano passado eu contei 180 títulos, agora eu não sei, estimo já cheguei ou estou perto a 200 títulos publicados. Agora tenho muitos ainda guardados pra futuros lançamentos. A temática é bem diversificada: tem biografias, histórias de cidades, além de times de futebol, Problemas sociais, Humor, Problemas ambientais, Cordéis infantis , animais, Instituições tais como TV , Rádio, Hotéis, Igrejas, Jornais etc. Obs: Nas redes sociais criamos versos da hora, aqueles que têm a ver com os momentos que a nação está passando e aí eu não tenho como quantificar.. Daria pra escrever um livro só com os cordéis feito exclusivamente no Facebook e outros sites de relacionamento.
COMO PARTE SUA INSPIRAÇÃO PARA DESENVOLVER UM CORDEL?
Ivaldo Batista: A inspiração é algo muito espontâneo. Naturalmente, eu crio os cordéis, e isso vem a toda hora, em qualquer lugar, ocorre muito quando eu estou dirigindo, aí eu paro e anoto as ideias que recebi e sigo e depois eu organizo as ideias e concluo. Quando a inspiração é quem chega primeiro, eu consigo escrever um cordel em duas horas. Quando alguém encomenda, ou eu decido escrever forçosamente sobre uma temática, aí eu pesquiso o assunto, e então espero a inspiração chegar, mas ela não tarda... Eu e a inspiração, a gente parece que já temos um relacionamento sério. Rsrs
O QUE PRECISA SER FEITO NAS ESCOLAS PARA INCENTIVAR A CULTURA, EM ESPECIAL O CORDEL?
Ivaldo Batista: Cultura e educação são duas coisas essenciais à formação do ser humano, sem elas o homem continua a ser inacabado. O cordel pode contribuir muito com o processo educativo, a meu ver ele deveria entrar nos projetos didáticos de todas as disciplinas. Uma vez que esteja no planejamento, como modo operacional ou objetivo em si, as secretarias de educação devem compreender essa demanda e investir na formação ou “capacitação” de seus professores pra fazerem uso dessa didática. Isso já acontece de forma tímida, aqui ali, uma escola solicita uma oficina de cordel pra seus professores e ou pra seus alunos mas não é uma iniciativa abraçada pela educação, enquanto gestores da educação oficial.
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