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EU VI O RIO – De trenzinho e bondinho, Olha só o que eu vi!
Coluna do Cordel
Publicado em 31/01/2020

Autor: Ivaldo Batista

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Queres conhecer o Rio

Se liga aí meu amigo

Escuta o que eu te digo

No cordel te auxilio

Aqui eu me credencio

A contar o que eu vivi

E tudo que eu percebi

Quando fui com meu benzinho.

De trenzinho e bondinho

Olha só o que eu vi.

 

Não vá andar por aí

Se não você se complica

Presta atenção na dica

No que vou dizer aqui

Olha o que eu descobri

A você eu anuncio

Encara esse desafio

Quando tiver um tempinho.

De trenzinho e bondinho

Por Cristo eu vi o Rio.

 

Olha só essa aventura

Foi uma grande viagem

Você tem que ter coragem

É adrenalina pura

Eu lá naquela altura

Disse em Deus eu confio

Contando dá arrepio

Pois eu não sou passarinho.

De trenzinho e bondinho

Com Cristo eu vi o Rio.

 

O Cristo redentor ver

Exuberante paisagem

Maravilhosa imagem

Eu fui lá ver para crer

Agora vou te dizer

Eu aqui não fantasio

Apenas confidencio

Por que cheguei bem juntinho.

De trenzinho e bondinho

Eu avistei todo Rio.

 

Você paga um bilhete

Que vale a pena pagar

Chegando neste lugar

Estou passando  o macete

Vi palácio do catete

A floresta da Tijuca

De lá do Pão de açúcar

Vi o Zeca Pagodinho.

De trenzinho e bondinho

Vi tanta gente maluca.

 

No morro do corcovado

Eu aguardei um tempinho

Esperando o trenzinho

O passeio foi irado

Depois de ter aguardado

Eu no trenzinho subi

E nele também desci

Eu curti todo o caminho.

De trenzinho e bondinho

Olha só o que eu vi.

 

No embarque ou desembarque

O povo todo se alegra

A gente segue a regra

Ditada lá pelo parque

De lá vi Chico Buarque

Que cantando rejubila

Eu vi Martinho da Vila

Cantando devagarinho.

De trenzinho e bondinho

Valeu a pena a fila.

 

No trem vi cada estação

Que inspirou poesias

Eu vi nas escadarias

Uma bonita visão

Eu vi pousar avião

Na pista do Aeroporto

Eu vi o Rio e seu porto

Enquanto bebia um vinho.

De trenzinho e bondinho

Só não vai quem está morto.

 

Eu vi a Sapucaí

Olhei o Maracanã

Vi o museu do amanhã

O futuro percebi

Serra dos Órgãos eu vi

E a praia da Guanabara

Com sua beleza rara

Que Deus criou com carinho.

De trenzinho e bondinho

A visão não se compara.

 

Lá de cima é tão bom

A visão é tão bacana

Vi também Copacabana

E a praia do Leblon

Da Urca ouvi um som

Vindo de São Januário

Foi o Vasco centenário

Que marcou mais um golzinho.

De trenzinho e bondinho

Você ver todo cenário.

 

Vi torcida fluminense

No bairro das Laranjeiras

Levantando as bandeiras

Numa partida que vence

Além de ver o meu Nense

Vi banhista e alpinista

A quinta da Boa Vista

Me pareceu tão pertinho.

De trenzinho e bondinho

Quem vai se sente artista.

 

Vi o bairro Realengo

Depois conforme o convite

Vi um time de elite

O rubro negro Flamengo

Vi Bastinha gritar Mengo!

De camisa elegante

Eu vi gente importante

No bar comendo um peixinho.

De trenzinho e bondinho

A visão é deslumbrante.

 

O que eu vi eu sustento

Por que não sou demagogo

De lá vi o Botafogo

Num grande enfrentamento

No alto senti o vento

Que dava uma refrescada

Essa visão tão sonhada

Quem não foi resta um lencinho.

De trenzinho e bondinho

Êita visão arretada!

 

De lá eu vi Niterói

Obra de Oscar  tem valor

Museu disco voador

Eu vi como se constrói

A ponte e cada herói

Sobre ela o povo indo

Passar feliz e sorrindo

Vi até um bebezinho.

De trenzinho e bondinho

Vimos que o Rio é lindo.

 

Vi de lá a Fortaleza

A de Santa Cruz da Barra

Lembro a luta e a garra

Dos que fizeram a defesa

Essa terra tem grandeza

Tem história tem passado

A gente tem recordado

Ao turista com carinho.

De trenzinho e bondinho

Quem já foi ficou marcado.

 

Praia do Flamengo eu vi

A Tijuca e Ipanema

Isso é coisa pra cinema

De lá eu vi aplaudi

Botafogo e Parati

Parati bem longe está

Mas eu pude imaginar

Sentado ali no banquinho.

De trenzinho e bondinho

Você consegue voar.

 

Quem sai de Praia Vermelha

Olha as três estações

Sente muitas emoções

Quem é cristão ajoelha

A criação só espelha

Foi de Deus esse papel

Registrando no cordel

Me senti pequenininho.

De trenzinho e bondinho

É melhor que a torre Eiffel.

 

Eu vi Jacarepaguá

Olhei o dedo de Deus

A rocha fala aos ateus

Vi ilha de Paquetá

Vi Leme e Irajá

Vi Rocinha e Vidigal

Penha e Vigário geral

Vi Urubu sem o ninho.

De trenzinho e bondinho

A visão é sem igual.

 

Foi tudo do meu agrado

Eu vi a Pedra da Gávea

Minha linda amiga Flávia

Na praia de São Conrado

Com um maiô decotado

Quem quiser vá lá pra ver

Não vou aqui descrever

O seu maiô vermelhinho.

De trenzinho e bondinho

A visão é em três D.

 

Vi a feira nordestina

Dos “paraíbas” uma ova

Eu ouvi a bossa nova

Vi Ipanema menina

Antônio Jobim assina

O gênero musical

No país do carnaval

Eu vi de tudo um pouquinho.

De trenzinho e bondinho

Tive uma visão global.

 

Defendendo os soberanos

Vi o Jornal do Brasil

Nascido em nove de abril  

Cento e vinte nove anos

Combateu republicanos

Eu li essa informação

Lá na sua fundação

O texto já bem velhinho.

De trenzinho e bondinho

Temos essa impressão.

 

Vi evangelização

Exegese e catequese

Vi arquidiocese

A de São Sebastião

O protetor desse chão

Olhando pra todo lado

O Rio tão badalado 

Aqui não sou adivinho.

De trenzinho e bondinho

Fui num dia ensolarado.

 

Do alto vi a lagoa

Era a Rodrigo de Freitas

Confirmei minhas suspeitas

Perguntando a um coroa

O cara foi gente boa

Foi logo tudo dizendo

O que eu estava vendo

Descrevi para um ceguinho.

De trenzinho e bondinho

Quem não foi está perdendo.

 

Numa vista magistral

Vi as agremiações

Suas apresentações

No grupo especial

Nessa visão tão real

Grande Rio vem primeiro

A Tijuca e Salgueiro

Lembrando meu torrãozinho.

De trenzinho e bondinho

Vejo o Rio de Janeiro.

 

Vi a Estácio de Sá

Também a Padre Miguel

Depois Vila Isabel

A Portela vai chegar

São Clemente entra já

Ai na Sapucaí

Paraiso Tuiuti

Brilhou no Brasil todinho.

De trenzinho e bondinho

Eu só conto o que vi.

 

Viradouro tem valor

É ouro nessa cidade

Vem aí a Mocidade

Olha lá a Beija Flor

Ilha do Governador

Traz a União da Ilha

A Mangueira também brilha

Em casa tenho um pezinho.

De trenzinho e bondinho

A gente ver maravilha.

 

Eu fiquei lá todo dia

Eu vi o cair da tarde

Senti que ali o sol arde

Mas era lindo o que eu via

Sai de lá não queria

Eu fui ali numa Quarta

Vi no morro Dona Marta

Até briga de vizinho.

De trenzinho e bondinho

Vi na mata uma lagarta.

 

Vi meu amigo Marcelo

Para paisagem apontar

Querendo ele me mostrar

Com a cidade um elo

Dizia meu Rio é belo

E com palavras desenha

Eu vi longe lá na Penha

O meu amigo Toninho.

De trenzinho e bondinho

Quem não veio, então venha.

Eu vi Gonçalo Ferreira

Em pé lá na Academia

Esse astro da poesia

Que faz versos de primeira

Defende nossa bandeira

Do cordel como ativista

Nosso grande cordelista

Todo charmoso no linho.

De trenzinho e bondinho

Vi Gonçalo vanguardista.

 

Escutei uma toada

E vi Dalinha Catunda

Sua poesia fecunda

Cativando a moçada

Que cordelista arretada

Eu vou arrumar um meio

De publicar no Correio

Pelo menos um trechinho.

De bondinho e trenzinho

Viver parece um recreio.

 

No bondinho eu estava

O povo fazia a festa

Tive um medo da mulesta

O mundo só tremulava

Quieto ali eu ficava

Observando a ponte

Disse Cristo não me apronte

Fiquei ali bem quietinho.

De trenzinho e bondinho

A gente ver o horizonte.

 

Vi tanta imagem bacana

Scooby alto num celta

Marly numa asa delta

Lá na região serrana

Vi Forte Copacabana

Olhei os Arcos da Lapa

Posso garantir meu chapa

Isso é um segredinho.

De trenzinho e bondinho

Qualquer dia vem o Papa.

 

Vi minha amiga Sarinha

Desfilando lá na praia

Ela arrasava de saia

Passeando  na  prainha

Li Vinicius poetinha

Esse artista dinâmico

Eu vi o Jardim botânico

Do Jockey Club um pouquinho.

De trenzinho e bondinho

Todo mundo é messiânico. 

 

Lá do alto se descobre

Rio terra de sambista

Benito encabeça a lista

Dos novos vi Dudu Nobre

Fiz a minha rima pobre

Enquanto via um festão

Niver de Jorge Aragão 

Ao som de um cavaquinho.

De trenzinho e bondinho

Ouvi o seu vozeirão.

 

Se você vai turistar

Vai subir ao Corcovado

Se o dia é ensolarado

Sei que você vai gostar

Com nuvem é bom adiar

Se o tempo estiver fechado

O que é recomendado

É ler este Cordelzinho.

De trenzinho e bondinho

Não vá com o tempo nublado.

 

Se você foi e não viu

Tudo isso que eu contei

Não pense que eu falhei

Quem sabe você dormiu

Ou a paisagem sumiu

Saiba que quando eu subi

Vi tudo que descrevi

De prova está meu benzinho.

De trenzinho e bondinho

Foi tudo isso que eu vi.

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