Com o objetivo de divulgar os ritmos nordestinos nasce,nos anos 50, "Coruja e seus Tangarás". A escolha do nome,segundo o jornal Diário de Pernambuco de 23 de março de 1990 é do próprio Coruja,que em busca de um título para o grupo,pesquisa na revista Seleta Brasileira: Nela eu descobri a dança dos Tangarás da família de Chico Santo.Batizado pelo jornalista Amarílio Nicéias,o grupo estreia no programa de Floriza Rossi,(A Tarde é Nossa)e alcança grande sucesso.
Coruja ensaia seu grupo e prepara coreografia de xaxado. Ao apresentá-lo ao amigo LUIZ GONZAGA,que havia conhecido um grupo de cangaceiros em Exu,este lhe mostra a dança autêntica. Pioneiro no xaxado,Coruja passa a animar as festas na cidade do Recife,com seus trajes inspirados nos cangaceiros. Ritmo e dança alcançam o Sul e o Sudeste brasileiro. Coruja participa de documentários exibidos na Argentina, Inglaterra, Portugal,França, Alemanha,Suíça e Estados Unidos divulgando os valores nordestinos.
Entre as décadas de 60 e 80,o grupo musical "Coruja e seus Tangarás" passa a ser indispensável nos eventos oficiais e privados da cidade. Um espetáculo de originalidade e criatividade,que revive o xaxado assim como o episódio do cangaço. Traz novos passos como a "dança do fuzil" e a "dança da zabumba",grava dois discos ao longo da carreira e dessa forma redimensiona o forró, o xote e o baião.
No palco o cenário tem como pano de fundo o sertão,os atores entram em cena.Escuta-se o som dos bacamartes batendo forte no chão e o chiado das alpercatas que acompanham a percussão. Os Tangarás se exibem e nos trazem as heranças deixadas pelo mestre Coruja. Versatilidade, beleza e tradição,marcas de seu criador inseridas no presente pelos seus herdeiros.
"Ao longo de sua carreira,Coruja integrou grupos musicais que acompanhavam LUIZ GONZAGA, MARINÊS, GORDURINHA, SIVUCA, NELSON FERREIRA, JACINTO SILVA e chegou até a acompanhar o cantor cubano em excursão pelo Brasil, Bienvenido Granda.
CORUJA, O MESTRE DO XAXADO!
Quem convive com as nossas raízes culturais,se emociona com a história de ARNALDO FRANCISCO DAS NEVES, o CORUJA; paraibano, nascido em 27 de outubro de 1927 e radicado no Recife desde os 12 anos de idade.
O apelido vem dos tempos de camelô,quando negociava pelas ruas da cidade levando consigo uma coruja.Curiosidade para atrair fregueses e animar as vendas.
Nos anos 50, além do casamento com Maria José das Neves,mãe dos seus 19 filhos,acontece também o início de sua vida artística, como ritmista,na Rádio Tamandaré,tocando pandeiro.Inspira-se no xaxado e cria o grupo "CORUJA E SEUS TANGARÁS",enveredando pelo caminho da arte popular.
Coruja se populariza e integra a equipe de músicos das Rádios CLUBE E JORNAL DO COMÉRCIO,Orquestra Sinfônica do Recife, além da embrionária TV Jornal do Comércio,em programas de auditórios. Tocou pandeiro,sanfona, flautim,triângulo e zabumba,sem contar com título de REI DO PASSO,por ser exímio dançarino de frevo.
Em 1991,aos 67 anos,Coruja se vai e fica em nós a saudade e a certeza da sua contribuição legitimando a força da cultura nordestina.