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Pernambuco celebra titulação dos seis novos Patrimônios Vivos do estado
17/08/2017 16:52 em Notícias

Além da diplomação dos novos patrimônios, solenidade também premiou os vencedores do 2º Prêmio Ayrton de Almeida Carvalho de Preservação do Patrimônio Cultural

 

Os novos seis Patrimônios Vivos de Pernambuco foram diplomados na manhã desta quinta-feira (17), durante ato no Teatro de Santa Isabel que contou com a presença do governador Paulo Câmara, autoridades políticas e personalidades da cultura pernambucana. O ato, marcado para acontecer no Dia Nacional do Patrimônio Histórico, titulou os nomes de Maria dos Prazeres, Mestre Chocho, André Madureira, José Pimentel, Reisado Inhanhum e Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo como novos patrimônios, que foram diplomados junto aos vencedores do 2º Prêmio Ayrton de Almeida Carvalho de Preservação do Patrimônio Cultural.

Participaram da solenidade outros Patrimônios Vivos, como o Maestro Ademir Araújo, Claudionor Germano, Índia Morena, o Cariri Olindense, mestre Zé Lopes e a Sociedade Musical XV de Novembro. Na ocasião também foi prestada uma homenagem aos 80 anos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), com a entrega de uma placa comemorativa à superintendente regional do Iphan, Renata Borba.

 

Pernambuco tem buscado fazer com que a nossa cultura, uma das mais ricas do Brasil, tenha um olhar mais atento e busque sua preservação, valorização e difusão. A gente fica feliz de estar preservando as raízes culturais, buscando políticas inclusivas. Hoje é um dia para nós homenagearmos esses patrimônios, mas, acima de tudo, para refletirmos. Pernambuco ainda tem muito a avançar, temos uma cultura muito rica que precisa ser bem divulgada, bem difundida e apropriada pelos pernambucanos. O que nós queremos com movimentos como esse é fazer com que essa mensagem chegue a todos os pernambucanos, para que eles saibam que têm um Estado rico, com artistas maravilhosos que têm muito a contribuir com a nossa cultura”, disse o governador.

Na opinião de Marcelino Granja, secretário estadual de Cultural, investir em arte é uma forma de fazer com que a gente resista, avance e crie perspectivas para o futuro. “Quando o governador Paulo Câmara, desde o dia 1º de janeiro de 2015, fez um diagnóstico preciso de que teríamos meses de grande dificuldade, nós mantivemos Pernambuco de pé também na cultura. Neste período, com toda dificuldade, aumentamos o investimento no Funcultura, criamos um Funcultura dedicado à música e implantamos os conselhos de cultura, que hoje, ajudam a política pública de Pernambuco a ser democrática, inclusiva e pactuada. O Estado promove ações concretas, com uma política de desenvolvimento social que mantém a arte de pé. Avançamos para que tenhamos um povo mais feliz. Sem arte e sem cultura, isso não seria possível”, colocou Marcelino Granja.

Márcia Souto, presidente da Fundarpe, ressaltou que este é o primeiro edital reformulado na gestão de Paulo Câmara, fruto da atualização da Lei 12.196/2002 (Registro do Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco), que ampliou, de três para seis, os candidatos outorgados com o título anualmente. “Quero fazer um agradecimento especial aos meus colegas do Conselho de Preservação, que têm se dedicado diariamente em vários processos de tombamento no nosso estado, e que participaram de todo processo de julgamento, apreciação e análise dos novos Patrimônios Vivos. Uma tarefa muito árdua, porque foram 65 candidatos e todos tinham condições de receberem o título, foi uma escolha muito difícil para o Conselho”, disse Márcia.

O ato também marcou a entrega do do Prêmio Ayrton de Almeida Carvalho de Preservação do Patrimônio Cultural de Pernambuco, um reconhecimento e também um incentivo à participação social na preservação dos bens e expressões culturais do Estado, sejam eles materiais ou imateriais. Receberam o prêmio os seguintes projetos: na categoria Formação, a ação Método Oca – Oficina de Cinema de Animação; na categoria Promoção e Difusão, a ação Projeto Cultural Mapeamento de Bandas de Música de Pernambuco; e na categoria Documentais e Memória Cultural, a ação Oratorianos Conservação e Restauração da Coleção de Obras Raras São Felipe Neri da Faculdade de Direito do Recife. Cada um dos vencedores receberá um incentivo no valor de R$ 20 mil.

Nesse segundo ano do prêmio, foram recebidos 39 projetos de todas as regiões pernambucanas. Por essa razão, além dos vencedores, a comissão, que avaliou os candidatos ao prêmio, decidiu por menções honrosas, que serão entregues às seguintes iniciativas: Das Raízes da Flor da Mata aos Desafios da Valorização e Preservação do Patrimônio Cultural; A Matinada; Sede da Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo – SOBAC – Como Espaço de Memória.

Os novos Patrimônios Vivos de Pernambuco representam várias regiões e manifestações culturais do estado. Mestre Chocho (música, choro/Jaboatão dos Guararapes), muito emocionado, agradeceu no palco a honraria recebida. “Eu me sinto muito honrado com esse título, e peço a Deus que ilumine o nosso governador para que ele não se esqueça daqueles que também merecem esse prêmio”, pontuou. Já Maria dos Prazeres (parteira tradicional/Jaboatão dos Guararapes), ressaltou o trabalho que desenvolveu durante as últimas décadas como parteira. “Das minhas mãos, puras e limpas, já passaram mais de seis mil bebês e óbito zero”, revelou, para em seguida puxar o refrão da música Amor pra todo lado, do Trio Nordestino. “É amor pra cá / é amor pra lá / é amor pra todo lado / sem as parteiras não dá”, brincou, emocionando a todos na plateia.

 

 

“O que faz um Patrimônio Vivo? Sai com a plaquinha do título debaixo do braço ou executa trabalhos pela comunidade? Estou feliz por ter sido reconhecido na minha terra que amo tanto, e seguirei formando artistas e bailarinos com base na cultura pernambucana“, disse o coreógrafo André Madureira (dança, música, teatro/Recife). A conquista também foi comemorada por Ivan Marinho, presidente da Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo (bacamarte, cultura popular/Cabo de Santo Agostinho). “A gente rememora neste ato a memória de Zé da Banha, do Cabo de Santo Agostinho, que na década de 60 tomou o cuidado de transformar a brincadeira numa associação, com personalidade jurídica, relação com o legislativo, e com a intenção de criar uma cobertura legal para que a gente possa seguir com essa manifestação”, brindou.

“Nós estamos vindo da comunidade quilombola de Inhanhum, que quer dizer ‘água que corre’. Eu queria agradecer por esse título e dizer que estou há pouco tempo no grupo, tenho 39 anos, enquanto ele celebra há mais de 200. Hoje a maioria dos integrantes é composta por mulheres e isso também deve ser comemorado”, contou Ana Lúcia, presidente do Reisado Inhanhum (reisado/Santa Maria da Boa Vista). Finalizando as falas dos Patrimônios Vivos, o ator José Pimentel José Pimentel (artes cênicas/Recife) agradeceu aos que participaram dessa história. “Eu quero a partir desse título seguir com meu trabalho com o teatro e nas artes em geral, com honestidade, ética e vontade de levar a todos o que eu aprendi e o que eu tenho pra aprender”.

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